Análise, Política e Cultura

Estudantes da USP: vanguarda da luta democrática e antiimperialista no Brasil

Rui Costa Pimenta

 

A ocupação da reitoria da USP pelo movimento estudantil mostra que, nesse momento, os estudantes são a vanguarda da luta democrática e antiimperialista no Brasil.
Ninguém ignora que a política do PSDB e de João Grandino Rodas, reitor da universidade, é fazer da USP o que foi feito com a Vale do Rio Doce, com a rede Telebrás, com o parque siderúrgico nacional e muitos outros setores da economia. Entregá-la aos tubarões da iniciativa privada e, desta forma, destruí-la como universidade para que todo o seu patrimônio, acumulado por anos, seja colocado a serviço integralmente de grandes capitalistas, na maioria, inclusive, estrangeiros.
Esta operação só pode ser feita de maneira ditatorial, de maneira fascistóide. Está aí para provar o caso, em andamento, da Grécia, onde o imperialismo franco-alemão, cujo nome de guerra é União Europeia, não permite sequer, que o próprio povo grego decida se quer ou não pagar a conta da inacreditável farra financeira dos bancos franceses e alemães.
Rodas é um interventor na USP. Não foi eleito por ninguém. Não conseguiu sequer sair vitorioso da eleição de fachada que os estatutos da universidade determinam.
Rodas lançou, de imediato, uma ofensiva policialesca tanto contra o movimento estudantil como contra o sindicalismo dos funcionários. Os processos se multiplicam, a política de intimidação e de terror vem tomando conta de toda a USP. A tal ponto que os próprios professores do Largo S. Francisco, se viram obrigados a se pronunciar contra o reitor.
A introdução da polícia no campus da Cidade Universitária é parte da sua política de terror, uma política facistóide que nem sequer a ditadura militar teve coragem de colocar em prática na USP e que foi derrotada em outros lugares como a UNB, na época comandada por interventor militar.
A polícia transformou a USP em um morro do Rio de Janeiro, onde, como se sabe, a Constituição Nacional e os direitos individuais não vigoram, vigora a lei da M-16, a carta-magna do Caveirão e o Estado de direito do tanque de guerra, da tortura e do assassinato praticado pelo Estado. Desde o incio deste ano policiais passaram a revistar estudantes, a agredir, a intimidar de todas as formas a comunidade universitária, como se estivessem no Haiti.
A força de Rodas não vem da USP e nem da opinião pública, como querem os apologistas pagos da operação de destruição da mais tradicional e mais importante universidade do país. Vem do apoio dos capitalistas estrangeiros e do orçamento do governo do Estado, utilizado para montar a maior operação de corrupção da opinião pública de que se tem notícia neste país.
Já não é segredo para ninguém que Serra e Alckmin assalariaram a imprensa capitalista com as verbas da Secretaria da Educação, de onde foram transferidos nos últimos anos mais de 250 milhões de reais na compra de assinaturas e publicações, sem falar nos demais recursos para colocar a imprensa a serviço de tais operações.
O papel de jornais como a Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e de televisoras como a Rede Globo é lamentável. Mentem, falsificam e desinformam para defender a ditadura de Rodas e do PSDB contra a luta democrática dos estudantes. Uma imprensa como essa deve e será repudiada pela opinião democrática de todo o país.
Não foi, no entanto, apenas isso que o poder do PSDB aliciou para a operação. Os partidos de esquerda encontram-se todos alinhados detrás da ditadura de Rodas. PT e PCdoB sequer se manifestam, apesar de ter figuras conhecidas até mesmo dentro da USP. Psol e PSTU, em comum acordo com a reitoria, conforme revelou uma troca de mensagens de correio eletrônico descoberta na ocupação colocaram-se a serviço de Rodas e procuraram fraudar a assembleia estudantil como um número de estudantes que seguem ordens de determinados professores em troca de favores fornecidos pela autoridade acadêmica. Essa vontade de servir a Rodas mostra o grau de decomposição desses partidos que, no momento estudantil e em muitas partes, transformaram-se em apêndices dos poderes constituídos em escala nacional ou local, como já se pode ver claramente na recente greve dos correios, chegando agora, ao extremo de defender a ditadura facistóide de Rodas e do PSDB na USP. Isto, no entanto, não é apoio político, mas uma mera operação mercantil.
Nada menos se pode dizer dos estudantes que se manifestam a favor da PM na USP. O integralista Rodas encontrou a sua guarda fascista no grupinho de filhinhos de papai, filhos de empresários corruptos e na clientela da universidade, para criar uma aparência de opinião pública a favor da sua política.
A verdadeira opinião está intimidada pela polícia, pela ameaça de demissões, pelas ameaças às carreiras de professores. O reino de terror, apoiado pela esquerda e pela imprensa assalariada pelo governo do Estado de S. Paulo, é a força de Rodas.
Mas essa força é em si mesma uma miragem. O quadro que se vê na universidade de corrupção e de intimidação é em si mesmo um quadro de crise e de decomposição política e moral completa.
Tudo o que é preciso para que o castelo de cartas do PSDB caia, do PSDB já amplamente repudiado pela população do Estado de S. Paulo, é que os que são contra a ditadura de Rodas se manifestem livremente a partir da sua consciência e não da política de terror.
Os estudantes que estão ocupando a reitoria estão lutando em nome e no lugar de todos, de todos os militantes da esquerda que não concordam com a política venal de apoiar Rodas em troca de alguns privilégios, dos funcionários e sindicalistas dos funcionários perseguidos e ameaçados de demissões e outras punições, dos professores de espírito democrático, honesto e progressista que acreditamos ser a maioria dos professores da USP. Eles estão lá enfrentando a polícia, as ameaças de punição acadêmica e judicial em nome de toda a opinião democrática de S. Paulo e do Brasil. Eles são a vanguarda da luta democrática no país neste momento. Eles estão mostrando coragem e determinação que são tão necessárias para combater o sistema de exploração e corrupção representado por Rodas e pelo PSDB. Eles são os que estão lutando contra a política de entrega do país ao imperialismo e aos especuladores expressa na tentativa e privatização dos correios e aeroportos.
É preciso, portanto, que todos levantem a voz para defendê-los!