Análise, Política e Cultura

Mais uma denúncia – Lula deve ser destruído

Não boto a minha mão no fogo por Lula; mas muito menos pelas pessoas que o denunciam. O mesmo vale para o PT. As denúncias da operação Lava-Jato, as prisões de empresários que nunca foram exemplos de lisura, a cassação de políticos corruptos; tudo isso parece colocar o Brasil no melhor dos mundos. Não fosse o fato de que essas denúncias tivessem como autores pessoas sem escrúpulos, políticos mais corruptos ainda e uma imprensa tradicionalmente golpista, poderíamos até mesmo acreditar em uma moralização da política no Brasil.

Mas não se trata de moralização. Trata-se, sim, de uma implacável perseguição à esquerda brasileira. A origem é inquestionável; como sempre, os Estados Unidos da América e sua política de rapinagem. Estes exemplos traçam um caminho que leva ao Brasil: o golpe no Egito, o golpe na Ucrânia, o cerco à Rùssia, a interferência nos processos eleitorais de todos os países da América Latina, sem exceção.

Os governos de esquerda, na América do Sul, sofrem com a interferência dos norte-americanos. Cresce a pressão sobre a Venezuela. O golpe está sendo dado sobre ela, e a direita já venceu as eleições para o Congresso. Na Argentina, ocorreu o contrário: a esquerda perdeu as eleições presidenciais, mas continuou sendo maioria no Parlamento. Macri, no entanto, governa por meio de decretos, pilhando o país e a classe operária.

No Brasil, a situação não é muito diferente. Dilma Rousseff continua no poder. Ameaçada, é verdade; mas continua. Quanto tempo resistirá depende de seu partido. Ou reage ou deixa de existir. Este é o plano: varrer o PT do mapa político do país. Para isso, a direita investiu pesado na eleição de parlamentares opositores; investiu também em uma intensa propaganda política pela Internet, patrocinando grupos de reação (MBL, Revoltados online, etc.), cooptando a imprensa nacional; enfim, cercando o PT por todos os lados.

Parte dessa campanha é a Operação Lava-Jato e uma série de denúncias de corrupção. Por que essas denúncias surgiram apenas agora não é mistério: é golpe.

E a iminência do golpe assanha a direita; o PT, por sua vez, não reage. A esquerda pequeno-burguesa (PSTU, Psol e satélites) vive afirmando que a ideia de um golpe de Estado é fantasia. E, mesmo aqueles que enxergam a possibilidade do golpe, não consideram a hipótese de uma golpe militar seguido de uma feroz ditadura.

Mas o golpe está em marcha, e a ditadura já está colocada. A polícia militar do Estado de São Paulo atua como uma verdadeira Gestapo contra as manifestações de esquerda (e serve de proteção às da direita) e intensifica a matança na periferia das cidades. O Congresso vive criando leis para ampliar a repressão (por exemplo, diminuindo a maioridade penal). No Brasil, censura-se livros, jornais e revistas. Cresce o cerco aos partidos políticos (cláusula de barreira) e à liberdade de associação (torcidas de futebol, ensaios de escolas de samba).

Mas o pior é que o poder judiciário deixou de ser um árbitro dos outros dois poderes para se tornar um poder acima deles. E acima do povo, decidindo quem pode se candidatar e quem não pode; quem pode se eleger e quem não pode. O poder popular, a democracia, tornou-se uma simples fantasia de carnaval.

E tudo isso, acobertado por uma imprensa venal. O que falta para que efetivamente tenhamos uma ditadura? O impeachment e a cassação política de Lula e do PT. Depois disso, o chicote.