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PM: Preparada para Matar

Em São Paulo, na Lapa, um jovem foi executado pela Polícia Militar quando tentava impedir a prisão injusta de um trabalhador. O rapaz levou um tiro na cabeça, caminhou por uns metros e caiu já morto.

A ação da PM era contra os camelôs, prendendo mercadorias e trabalhadores. O comércio alternativo é uma das oportunidades para a juventude desempregada, que não consegue entrar no mercado de trabalho formalizado.

O estado, diante desse cenário, não promove emprego, pelo contrário, procura reprimir quem busca uma forma de se sustentar. Os relatos de agressão aos camelôs, não só em São Paulo, mas no Brasil inteiro, mostra que não existe interesse de empregar o povo.

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Assassinato de camelô provoca revolta na população

Essa medida é incentivada pela especulação imobiliária, que quer os grandes centros transformados em condomínios de ricaços e em grandes centros comerciais. Contra os camelôs ocorre o mesmo com as desocupações no centro de São Paulo. É uma medida de limpeza racial e social. As UPPs no Rio de Janeiro cumprem o mesmo objetivo, entregar grandes áreas para empresários e construtoras.

É por essa razão que a população se revoltou com a prisão do rapaz na Lapa, e cercaram os policiais dizendo que eles deviam soltar o camelô, pois era trabalhador, não tinha feito nada de errado, estava só trabalhando.

O policial puxou o gás de pimenta para jogar no rosto das pessoas que estavam em volta. O jovem executado, Carlos Augusto Muniz Braga era um dos que mais protestava contra a prisão do outro trabalhador, e também era camelô. Na tentativa de arrancar o gás da mão do policial esse disparou imediatamente contra a cabeça do rapaz.

Aqui entram duas questões. Uma é a necessidade de permitir toda a atividade dos camelôs, em qualquer lugar da cidade, acabar com os “rapas” e a repressão aos trabalhadores informais. É uma alternativa de trabalho e responde a uma demanda do povo, que consome em todas as feiras e mercados populares, que possuem preços mais baratos.

Por outro lado está o que tem sido a tônica dessa campanha eleitoral, ao menos para as candidaturas do Partido da Causa Operária, que é a dissolução da Polícia Militar. Casos e mais casos de violência policial se espalham pelo Brasil e, com as câmeras de celulares, a ação da PM ficou mais exposta. Em outras situações a PM e a imprensa burguesa afirmaria que “uma pessoa morreu em conflito com a PM, que ‘reagiu’ a uma agressão injusta”, em seguida seriam exibidos os comerciais.

Para quem já conhece o roteiro da imprensa burguesa, agora é contar os minutos para sair uma reportagem dizendo que o jovem covardemente executado tinha ligações com o crime organizado, passagem pela polícia, estava sob efeito de drogas etc, e que, por isso, merecia morrer.

Essa é a “guerra” da PM, e das secretarias de segurança. Que não é contra Uzi, granadas, .50, ou o tráfico de drogas, é uma chacina covarde contra a população negra e trabalhadora, crianças, camelôs, sem-teto.

Matéria publicada no Diário Causa Operária Online de domingo, 21 de setembro de 2014