O PT e o estelionato eleitoral

Terminadas as eleições, rapidamente os acontecimentos demonstraram o caráter artificial das eleições. O PT, eleito sobre a base de uma propaganda de esquerda, contra as privatizações, como defensor do crescimento econômico e da distribuição de renda, mostra-se já claramente como instrumento do ajuste capitalista diante da crise.
O próprio Lula antecipa as medidas que Dilma Roussef tem em estoque para o povo brasileiro: privatizações, cortes nos gastos públicos, congelamento dos salários dos servidores públicos, aumento de impostos e outras medidas de confisco da população.
O eleitor do PT votou contra Serra justamente para evitar tais medidas.
O próprio eleitor do PSDB não fica atrás do eleitorado do PT. Serra fez a sua campanha prometendo aumentos salariais e outras benesses quando fica claro abgora que apoia todas as medidas do PT e teria um plano de ajuste idêntico a este.
O crescimento econômico, que serviu de base para toda a campanha, elogiado pela direita e pela esquerda e sobretudo pela imprensa capitalista se desvanece em um aumento espetacular da inflação e da situação falimentar do Estado.
A única coisa que permanece dos dourados sonhos do período eleitoral é a abundãncia de crédito para o consumo em função da entrada líquida de capital no país. No entanto, mesmo isso está colocado em xeque pelas medidas anunciadas pela equipe econômica do governo que já declarou que vai colocar obstáculos ao crédito fácil em função da ameaça inflacionária.
Todo o edifício de promessas e expectativas do período eleitoral revela-se uma miragem à medida em que o eleitorado se afasta do mês de novembro e que os candidatos, ansiosos pelo voto, agora são obrigados a colocar em prática a política dos seus financiadores, não dos seus eleitores.
Mesmo a noção de que o PT seria o governo da democracia – propaganda que também é feita pelo partido oposto, o PSDB – foi esmagada debaixo dos tanques no morro do Alemão e em outros lugares no Rio de Janeiro. Ambos os partidos da democracia e a imprensa democrática apoiou o massacre bárbaro e criminoso com entusiasmo.
Durante a campanha eleitoral explicamos que votar no PT não era um meio para derrotar a política de Serra. Pouco depois, vemos o PT colocar em prática exatamente a mesma política de Serra, em grande medida com o apoio do PMDB.
Era o que se devida esperar e nada mais. O mais importante, no entanto, é que as contradições já manifestadas durante as eleições, como o fato de que mais de um terço dos eleitores não votou em nehum dos dois partidos sobre os quais se apóia o regime político, está se refletindo de maneira mais clara na atitude geral da população à medida em que o mesmerismo eleitoral vai desaparecendo.
O governo do PT e a oposição que apóia todas as medidas draconianas do governo ao qual faz oposição vão ter que se enfrentar com uma forte tendência à mobilização popular.
A organização e o esclarecimento desta tendência de luta é o que é preciso fazer neste momento. Para isso, é preciso a mais completa independência política dos partidos do regime.

2 Respostas para “O PT e o estelionato eleitoral

  1. Carlos Henrique R. de Siqueira

    Opinião é opinião. Mas fato precisa de alguma base. Onde estão os dados que permitem dizer isso?

    “O crescimento econômico, que serviu de base para toda a campanha, elogiado pela direita e pela esquerda e sobretudo pela imprensa capitalista se desvanece em um aumento espetacular da inflação e da situação falimentar do Estado.”

    Com juros de dois dígitos, inflação alta não me parece provável. Dívida externa estatal pouco significativa, sucessivos recordes de arrecação e previsão de crescimento constante pelos próximos anos (sem falar no pre-sal)também afasta a hipótese de qualquer “situação falimentar do Estado”.

    Veja bem, não estou me posicionando sobre sua opinião mas acho que alguns fatos citados no seu texto não apresentam dados que os sustentem.

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    • Na realidade, estou fazendo um comentário sobre notícias que estão na imprensa. Tanto a inflação quando a questão do Estado estão retratados no noticiário econômico nacional e, ademais, são uma tendência internacional. O que pode ser disputado é a intensidade e o nível de desenvolvimento destas tendências, mas eu creio que a função da crítica é apontar o desenvolvimento geral e colocar em evidência aquilo que, de um modo geral, o governo e a imprensa capitalista têm interesse em diminuir de tamanho.

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