Thatcher: quando democracia e ditadura se encontram

Margaret Thatcher governou o Reino Unido de 1979 a 1990, tempo mais que suficiente para que destruísse a economia do país. Thatcher foi a grande promotora da política chamada neoliberal, que implementou com toda a brutalidade. Privatizações, ataque aos sindicatos e aos direitos dos trabalhadores e sucatemento dos serviços públicos fizeram do Reino Unido um dos primeiros países a sofrer as consequências do neoliberalismo, reduzindo parte da sua população à miséria. Thatcher chegou a praticamente abolir o salário mínimo e reprimiu duramente a greve dos mineiros em 1984, paralisação que durou um ano, com piquetes com milhares de trabalhadores e cuja derrota foi fundamental para quebrar a espinha dorsal do movimento operário inglês. Essa derrota foi o que permitiu a implementação da política que depois se espalharia para todo o mundo, chegando ao Brasil em 1994 com Fernando Henrique Cardoso e cujo colapso se deu em 2008.

O resultado do programa de “livre mercado” foi a queda final da produção industrial inglesa, tornando a economia inglesa ainda mais predominantemente especulativa.

Foi ainda Margareth Thatcher quem decidiu entrar em guerra com a Argentina pela posse das Ilhas Malvinas.

Apesar do evidente desastre da política neoliberal, a não ser, é claro, para o punhado de grandes capitalistas e especuladores que ganharam com ela, ainda há até hoje quem a defenda. Seus maiores defensores e aqueles que a implementaram, são hoje os que travam uma luta contra o nacionalismo burguês nos países atrasados, que tacham cinicamente de “ditatoriais”, como o governo Chávez, Cristina Kirchner, Fidel Castro, entre outros.

O mais interessante, no entanto, é notar que a política implementada por Thatcher na Inglaterra, por Reagan nos Estados Unidos tem como terceiro pé, fundamental para a implementação da política neoliberal, o sanguinário ditador chileno Augusto Pinochet. Ao mesmo tempo em que chamava Nelson Mandela de terrorista, Thatcher saudava o carniceiro chileno como amigo, com quem efetivamente mantinha estreita relação.

Acontece que Pinochet foi um dos primeiros grandes defensores da política “neoliberal” e o Chile foi o grande laboratório do neoliberalismo, cuidadosamente escolhido para tal e preparado para receber a política dos “Chicago boys”, o que, dado o grau de estatização da economia, não poderia ser feito sem uma repressão violentíssima, que esmagasse completamente o movimento operário e sindical chileno e toda e qualquer forma de resistência. Hoje no Chile, não se encontra nem sequer uma goma de mascar feita no País.

O “livre mercado” tal como é colocado por esse grupo, importante deixar claro, é exatamente o oposto do que seu nome indicaria. Não se trata de uma livre concorrência já impossível nos dias de hoje, mas da dominação brutal de um pequeno grupo de monopólios capitalistas e banqueiros sobre a economia, em que a intervenção do Estado na economia obviamente não deixa de existir, mas sim existe para favorecer completamente esses grupos em detrimento da grande maioria da população.

Thatcher é a prova, agora já falecida, de que a política de terra arrasada dos defensores de um suposto “livre mercado” tem como complemento ideal não a democracia de fachada dos países imperialistas, mas a ditadura escancarada de Pinochet, o que mostra que essas nada mais são que duas faces do próprio capitalismo, a serem usadas de acordo com a conveniência dos que dominam a economia mundial.

Publicado no jornal Causa Operária Online número 3417 , de 10 de abril de 2013

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a revolta que derrubou Thatcher

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