O terrorista e o jornalista

Qual a diferença entre um terrorista e um jornalista? Qual a diferença entre um Osama Bin Laden e um Julian Assange? Qual a diferença entre um homem que combate os invasores da sua pátria de armas na mão e um homem que, em nome da democracia, os combate com a palavra escrita?
Para os líderes do imperialismo, nenhuma.
Julian Assange, editor da página informativa na internet Wikileaks está sendo caçado como um animal feroz, como um cão rábido pela Interpol, pelos governos imperialistas e pelos governos vassalos do imperialismo, da mesma forma que Osama Bin Laden há vários anos.
O imperialismo dito democrático é uma força totalitária, disfarçada detrás de uma fachada democrática. Muitos jovens, que vivem este período de crise e defensiva do imperialismo, podem se equivocar, devido ao seu mimetismo, sobre a sua natureza, mas o que viveram a experiência das ditaduras colocadas en place pelo imperialismo na América Latina não têm com o que se enganar. Pinochet, Videla, Médici, Banzer são nomes que evocam um período de terror que supera qualquer fantasia psicótica. Estes regimes monstruosos foram cria direta e dileta do imperialismo, que alguns teimam em chamar de “democracias ocidentais” ou até mesmo de países “civilizados”. Estes países civilizados e democráticos ou, mais particulamente, seus governos são o comitê da ditadura mundial, a pior ditadura, mais monstruosa que já existiu na face do mundo, a ditadura de poderosos monopólios que dominam a economia não de um país isolado, mas do mundo todo.
A perseguição contra Julian Assange não é uma exceção ou um caso isolado, mas é a demonstração cabal do caráter totalitário da dominação desses países ou, deveríamos mais propriamente denominar do domínio das corporações que controlam esses países e governos sobre os povos que sofrem nos cinco continentes.
Os terroristas que lutam contra estes monstros estão, apesar de toda a mentira venenosa destilada pela imprensa capitalista, plenamente justificados na sua luta. Nenhum povo tem a obrigação de sofrer a dominação terrível, espoliadora e aviltante de governos que representam grandes negócios, apenas porque eles são capazes de fazer uma intensa propaganda a favor deles mesmos. Esta ditadura produziu o pesadelo que ninguém nunca imaginou sonhar de um bilhão de miseráveis. A Osama Bin Laden, o Talibã, o Hamas, o Hezbolah, as FARC e muitos outros grupos pode-se-lhes negar o apoio integral a sua idéias e mesmo a determinadas ações de luta, mas nunca o direito de lutar com os meios necessários e mesmo o apoio geral a esta luta.
A imprensa reacionária e saudosista dos genocidas psicopatas das ditaduras derrotadas na América Latina pela luta do povo, ocultam que todos os lutadores, em todos os lugares, que tiveram a coragem de lutar com armas na mão foram tachados de terroristas. Não precisamos evocar o exemplo dos terroristas da resistência francesa e italiana que, de bomba na mão lutaram contra os respeitáveis Hitler e Mussolini, que foram apoiados na sua ascensão pelos democratas da época, porque nós temos, nós latino-americanos, uma linhagem inigualável de revolucionários que enfrentaram a exploração e a opressão estrangeira ou de cara nacional de armas na mão de Zumbi dos Palmares a José Marti e de José Marti a Ernesto Che Guevara.
Cabe aqui lembrar, no entanto, as belíssimas estrofes do Canto dos Partisans, chamando atenção para o seu chamado ao terror:

Ohé saboteur, attention à ton fardeau, dynamite!
Sabotador, atenção à tua carga, dinamite!

O imperialismo não é apenas o inimigo dos malevolentes terroristas, mas também de governos de centro-esquerda, eleitos de acordo com as regras de um jogo eleitoral viciado como Hugo Chavez, Rafael Correia, Evo Morales e, pasmem, inclusive o moderadíssimo Lula, de que o imperialismo quer ver a queda. Para o imperialismo, o Irã não tem o direito de levar adiante a sua própria política e os países podem ser ocupados de acordo com as suas conveniências econômicas e políticas.
O caso de Julian Assange vem mostrar que não há qualquer limite para o imperialismo e que não há senão uma fachada de liberdade sob o seu domínio de terror absoluto.
O cinismo, a perfídia e a mais absoluta falta de escrúpulos mostra-se na tentativa desajeitada do imperialismo de ocultar seus verdadeiros motivos, acusando o editor do Wikileaks de estupro para poder persegui-lo com o apoio dos tolos de todos os países. Logicamente, não faltarão os defensores da moral e dos bons costumes para dizer que se trata de um caso grave, embora a trama e a conspiração contra esse homem sejam mais que óbvias, gritem aos céus! Mesmo que houvesse causa para pensar que Julian Assange é capaz ao mesmo tempo de arriscar a sua existência por uma causa política e de estuprar, não caberia um julgamento sumário como o que está sendo feito e a caçada humana internacional. Seria prioridade levar em consideração o caso político em questão em qualquer avaliação do suposto caso criminal. É por fatos exatamente como estes que os democratas de antanho instituíram a imunidade do mandato parlamentar, para que criminosos no governo não acusasem os seus opositores de crimes reais ou inventados para calar a voz de uma oposição política com um ataque moral abaixo da linha da cintura. Neste exato momento, o imperialismo e os direitistas estão convencendo os tolos de sempre, que servem de platéia para esta pantomima política macabra, de que devem violar todos os direitos democráticos, inclusive a imunidade parlamentar, em função da corrupção. Os vigaristas e trambiqueiros sinistros, defensores da moral e dos bons costumes e os tolos de sempre que lhes dão ouvidos querem que a moral seja colocada acima da política e os que direitos dêem lugar a uns dez mandamentos forjados nas oficinas dos assustadores fazedores de guerra e destruidores de países. O pretexto, tipicamente facistóide, para ocupar militarmente os bairros operários do Rio de Janeiro não é a luta contra o narcotráfico?
É preciso, sem maiores considerações, defender Julian Assange e o Wikileaks destes criminosos, destes que são os piores criminosos e genocidas que já pisaram a terra do planeta terra. É preciso denunciar a manobra, a conspiração e a trama, urdida em conjunto pelo democrático governo dos EUA e os demais países imperialistas contra o direito dos povos de saber dos seus crimes monstruosos e cotidianos. São tarefas mais que urgentes.
Como corolário e garantia dessa luta, é preciso derrotar o imperialismo e, para derrotá-lo de maneira efetiva, definitiva, é preciso que o mundo venha a ser socialista.

Le chant des partisans

Ami, entends-tu le vol noir des corbeaux sur nos plaines?

Ami, entends-tu les cris sourds du pays qu’on enchaîne?

Ohé partisans, ouvriers et paysans, c’est l’alarme!
Ce soir l’ennemi connaîtra le prix du sang et des larmes.



Montez de la mine, descendez des collines, camarades,

Sortez de la paille les fusils, la mitraille, les grenades;

Ohé franc tueurs, à la balle et au couteau tuez vite!

Ohé saboteur, attention à ton fardeau, dynamite!



C’est nous qui brisons les barreaux des prisons, pour nos frères,

La haine à nos trousses, et la faim qui nous pousse, la misère.

Il y a des pays où les gens au creux des lits font des rêves,

Ici, nous vois-tu, nous on marche et nous on tue, nous on crève.



Ici chacun sait ce qu’il veut, ce qu’il fait, quand il passe;

Ami, si tu tombes, un ami sort de l’ombre à ta place.

Demain du sang noir séchera au grand soleil sur les routes,
Sifflez, compagnons, dans la nuit la liberté nous écoute

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