Abaixo a ditadura militar no Egito

 

 

O segundo golpe militar

Abaixo a ditadura militar no Egito

O suposto golpe “democrático” conduz, sem escalas, ao golpe pinochetista. A ilusão de ótica dos “democratas”

Rui Costa Pimenta

As Forças Armadas egípcias lançaram, nesta quarta-feira, 14 de agosto,  a segunda etapa do golpe militar de 30 de junho. O alto comando militar anunciou que iria retirar os manifestantes das praças e desocupar as ruas com o uso da força. A Irmandade Mulçumana declarou que não iria cessar as manifestações.

A partir da madrugada, as forças militares e a polícia começaram o ataque contra os acampamento da Irmandade Mulçumana na Praça de Nahda e na Mesquita de Rabaa al-Adawiya próxima a Cidade Nasser.

Até o momento, o próprio governo dava conta de 149 mortos e mais de 1400 feridos, sem mencionar o número de presos. Dois jornalistas estrangeiros foram mortos, dando a entender que o número de mortos é muito maior. A própria Irmandade Mulçumana fala em milhares de mortos e um número muito maior de feridos.

10 cidades foram colocadas sob Estado de Sítio. As barricadas construídas pelos manifestantes foram derrubadas por tratores de grande porte e os acampamentos foram queimados. Na mesquita, centenas de mulheres e crianças se abrigaram das balas do Exército e da Polícia.

O golpe que foi anunciado pelos ingênuos de plantão e pelos manipuladores políticos de sempre como sendo o “braço da revolução” popular, revela-se, agora, claramente, como o braço da reação política egípcia.

A inevitabilidade do segundo golpe

A impossibilidade de manter as aparências de democracia eram já evidentes no momento mesmo do golpe. A Irmandade Mulçumana é a maior força política organizada do país. Para manter o propósito do golpe, que era o de afastá-los do poder, seria obrigatório reprimir toda e qualquer resistência do partido de Morsi.

A resistência dos partidários do presidente deposto na ruas colocou em pauta o cenário mais crítico possível. Sem resistência alguma todo regime parece normal e democrático.

Os militares tinham plena consciência, cerca de um mês e meio depois do golpe, que a situação que havia permitido o golpe para derrubar o governo de Morsi estavam se invertendo completamente e que as manifestações estavam servindo como um meio para superar a confusão inicial e criar um movimento contra a ditadura que superasse o âmbito da influência da Irmandade. Finalmente, depois de toda a cortina de fumaça em torno do golpe, feita pelos intelectuais liberais e esquerdistas e organizações pequeno-burguesas, um número crescente de pessoas estava chegando a conclusão óbvia de que a repressão e proscrição do maior partido político do país pelos militares era, de fato, uma ditadura militar.

Os militares não podiam se dar ao luxo de esperar o crescimento deste movimento e foram obrigados a agira para evitar derrota do golpe militar.

Quem sempre esteve detrás do golpe?

O golpe foi dado pelo alto comando militar egípcio. Somente este fato já deveria explicar tudo. Os militares egípcios tiveram a sua fase revolucionária com o golpe que derrubou o Rei Faruc em 1952 até a morte de Gamal Abdel Nasser em 1970. A incapacidade revolucionária do nacionalismo burguês egípcio levou a seu esgotamento, claramente caracterizado na presidência de Anuar El-Sadat. Os militares passaram do nacionalismo ao papel de um dos principais pilares de sustentação da dominação imperialista na região justamente com Israel e a Arábia Saudita.

Durante a ditadura militar, o Egito tornou-se uma grande base de Guantanamo no Oriente Médio, rota obrigatória dos vôos clandestinos da CIA. Com tal pedigree, não é preciso muito para saber o verdadeiro sentido do golpe dado por esta organização.

Mas, mesmo sendo muito, isso não é tudo. Imediatamente após o golpe, o governo da Arábia Saudita, principal pilar da reação política imperialista na região, saudou os militares com uma contribuição de U$ 6 bilhões. Em resumo, o golpe foi orquestrado por Washington, financiado pela dinastia Saud e colocado em prática pelos militares com a ajuda dos seus sócios capitalistas locais. Para não deixar dúvida, o presidente da suprema corte foi indiciado como presidente, e El-Baradei, conspícuo agente do EUA, alto funcionário da ONU, no sensível setor de energia nuclear, foi indicato como primeiro-ministro e depois como vice-presidente.

Guerra civil

O imperialismo mundial apoia o golpe com cautela. O golpe tem que mostrar que é capaz de controlar a situação, o que está muito longe de ser uma certeza. Os militares somente serão capazes de se manter no poder por meio de um aprofundamento da repressão. Não há dúvida alguma de que a situação egípcia está à beira da guerra civil.

Uma resposta para “Abaixo a ditadura militar no Egito

  1. bentilho jorge da silva filho

    olha boa tarde companheiros da causa operaria dou defensor deste partido aqui no rio de janeiro me informe sobre a reuniao do dia 20 de fevereiro deste ano bentilho 21995513721 sou amigo do dirigente deste partido antonio carlos

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