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Seminário de Política Internacional acontece neste final de semana em S. Paulo

No próximo final de semana, o Partido da Causa Operária realizará seu I Seminário Internacional.

carta do Seminário Internacional

O seminário acontece em São Paulo e tem por objetivo discutir a situação política internacional, analisando a situação atual e os prognósticos políticos para a próxima etapa.

A atividade se faz necessária no momento de grandes transformações no cenário internacional seja na Europa, Oriente Médio, em diversos países da América Latina, incluindo o Brasil.

Lá fora os golpes de estado, no Egito, Tailândia e Ucrânia, sendo que no último caso a resistência armada já dura mais de cinco meses no leste do país com ameaça de divisão da nação. O ataque genocida de Israel contra Gaza também um acontecimento fundamental para entender esta etapa do imperialismo que se radicaliza à direita.

Na América Latina as tendências golpistas também são uma realidade. Após o golpe em Honduras e Paraguai, são constantes as denúncias de tentativas de golpes, como recentemente foi denunciado pelo presidente do Equador, Rafael Correa. Nesse sentido, o nacionalismo burguês é também um tema para o debate. É necessário tirar conclusões que esclareçam a atuação dos revolucionários na luta contra o imperialismo que o principal inimigo da classe operária internacionalmente.

No Brasil a própria eleição com o desenvolvimento da polarização política entre a direita e a esquerda merece uma discussão ampla, e análise cuidadosa, sempre usando o método do marxismo e do materialismo dialético.

O debate se faz especialmente necessário diante da confusão na esquerda nacional e internacionalmente que fez uma série de análises grotescas sobre esses temas. Ao pondo de a LIT (Liga Internacionalista dos Trabalhadores) a qual está ligado o PSTU do Brasil, defender o golpe militar no Egito como fruto das massas nas ruas o que necessariamente caracterizaria o golpe como uma revolução.

O internacionalismo é uma característica fundamental do marxismo, da luta pela revolução socialista. O encontro deste final de semana visa ser um primeiro momento de debate e conclusões políticas na luta por um partido operário internacional, operário e de massas, a quarta internacional.

Até o momento estão confirmadas as presenças, além de organizações e militantes brasileiros, companheiros da Argentina e da Inglaterra.

A participação no Seminário é aberta e livre a todos os interessados. Para mais informações entre em contato através do endereço eletrônico [email protected] ou por telefone (11) 5584.9322

EGITO: TRÊS ANOS DE REVOLUÇÃO

Qual é a importância da avaliação da revolução que derrubou a ditadura de Hosni Mubarak, do governo Morsi e do golpe militar?
Nos últimos dias, completaram-se três anos da revolução no Egito. A avaliação desse processo é muito importante para a política mundial e nacional. O ponto de partida é o problema do golpe militar que foi apoiado com entusiasmo pela esquerda pequeno-burguesa como significando o aprofundamento da revolução egípcia. A derrubada do governo Morsi teria sido, supostamente, um fato muito positivo.A mobilização das massas populares que derrubou a ditadura Mubarak não conseguiu desmantelar os fundamentos do regime. Havia uma situação revolucionária em desenvolvimento. Perante o tamanho da crise, a burguesia tentou dar uma saída chamando a eleições, criando uma democracia de fachada. As eleições foram ganhas pelo principal partido oposicionista. A Irmandade Muçulmana tentou estabilizar o regime implantando um governo nacionalista moderado.

A direita percebendo a fragilidade do governo, tentou desestabiliza-lo, com a campanha de denúncia do autoritarismo contra as massas, da crise etc, explorando todas as fragilidades da oposição burguesa nacionalista. O movimento de massas aconteceu sob a condução política da direita e do imperialismo. Os setores que a apoiavam partiam da ilusão de que o fato das massas estarem contra o governo era sempre um avanço revolucionário independentemente da direção política, sem considerar o sentido, os objetivo e as forças em luta. É a transcrição da ideia da democracia para as mobilizações populares como meio de controle da situação política.

Do Diário Causa Operária Online número 3715, de 2 de fevereiro de 2014

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Abaixo a ditadura militar no Egito

 

 

O segundo golpe militar

Abaixo a ditadura militar no Egito

O suposto golpe “democrático” conduz, sem escalas, ao golpe pinochetista. A ilusão de ótica dos “democratas”

Rui Costa Pimenta

As Forças Armadas egípcias lançaram, nesta quarta-feira, 14 de agosto,  a segunda etapa do golpe militar de 30 de junho. O alto comando militar anunciou que iria retirar os manifestantes das praças e desocupar as ruas com o uso da força. A Irmandade Mulçumana declarou que não iria cessar as manifestações.

A partir da madrugada, as forças militares e a polícia começaram o ataque contra os acampamento da Irmandade Mulçumana na Praça de Nahda e na Mesquita de Rabaa al-Adawiya próxima a Cidade Nasser.

Até o momento, o próprio governo dava conta de 149 mortos e mais de 1400 feridos, sem mencionar o número de presos. Dois jornalistas estrangeiros foram mortos, dando a entender que o número de mortos é muito maior. A própria Irmandade Mulçumana fala em milhares de mortos e um número muito maior de feridos.

10 cidades foram colocadas sob Estado de Sítio. As barricadas construídas pelos manifestantes foram derrubadas por tratores de grande porte e os acampamentos foram queimados. Na mesquita, centenas de mulheres e crianças se abrigaram das balas do Exército e da Polícia.

O golpe que foi anunciado pelos ingênuos de plantão e pelos manipuladores políticos de sempre como sendo o “braço da revolução” popular, revela-se, agora, claramente, como o braço da reação política egípcia.

A inevitabilidade do segundo golpe

A impossibilidade de manter as aparências de democracia eram já evidentes no momento mesmo do golpe. A Irmandade Mulçumana é a maior força política organizada do país. Para manter o propósito do golpe, que era o de afastá-los do poder, seria obrigatório reprimir toda e qualquer resistência do partido de Morsi.

A resistência dos partidários do presidente deposto na ruas colocou em pauta o cenário mais crítico possível. Sem resistência alguma todo regime parece normal e democrático.

Os militares tinham plena consciência, cerca de um mês e meio depois do golpe, que a situação que havia permitido o golpe para derrubar o governo de Morsi estavam se invertendo completamente e que as manifestações estavam servindo como um meio para superar a confusão inicial e criar um movimento contra a ditadura que superasse o âmbito da influência da Irmandade. Finalmente, depois de toda a cortina de fumaça em torno do golpe, feita pelos intelectuais liberais e esquerdistas e organizações pequeno-burguesas, um número crescente de pessoas estava chegando a conclusão óbvia de que a repressão e proscrição do maior partido político do país pelos militares era, de fato, uma ditadura militar.

Os militares não podiam se dar ao luxo de esperar o crescimento deste movimento e foram obrigados a agira para evitar derrota do golpe militar.

Quem sempre esteve detrás do golpe?

O golpe foi dado pelo alto comando militar egípcio. Somente este fato já deveria explicar tudo. Os militares egípcios tiveram a sua fase revolucionária com o golpe que derrubou o Rei Faruc em 1952 até a morte de Gamal Abdel Nasser em 1970. A incapacidade revolucionária do nacionalismo burguês egípcio levou a seu esgotamento, claramente caracterizado na presidência de Anuar El-Sadat. Os militares passaram do nacionalismo ao papel de um dos principais pilares de sustentação da dominação imperialista na região justamente com Israel e a Arábia Saudita.

Durante a ditadura militar, o Egito tornou-se uma grande base de Guantanamo no Oriente Médio, rota obrigatória dos vôos clandestinos da CIA. Com tal pedigree, não é preciso muito para saber o verdadeiro sentido do golpe dado por esta organização.

Mas, mesmo sendo muito, isso não é tudo. Imediatamente após o golpe, o governo da Arábia Saudita, principal pilar da reação política imperialista na região, saudou os militares com uma contribuição de U$ 6 bilhões. Em resumo, o golpe foi orquestrado por Washington, financiado pela dinastia Saud e colocado em prática pelos militares com a ajuda dos seus sócios capitalistas locais. Para não deixar dúvida, o presidente da suprema corte foi indiciado como presidente, e El-Baradei, conspícuo agente do EUA, alto funcionário da ONU, no sensível setor de energia nuclear, foi indicato como primeiro-ministro e depois como vice-presidente.

Guerra civil

O imperialismo mundial apoia o golpe com cautela. O golpe tem que mostrar que é capaz de controlar a situação, o que está muito longe de ser uma certeza. Os militares somente serão capazes de se manter no poder por meio de um aprofundamento da repressão. Não há dúvida alguma de que a situação egípcia está à beira da guerra civil.