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Os oito anos do governo de Lula chegam ao final

O governo de Luís Inácio da Silva chega ao final com um saldo extraordinariamente negativo para a classe operária.
Está claro que é absolutamente infantil adotar a metodologia dos apologistas do PT de mostrar cifras. É um velho truque eleitoral dos partidos burgueses. Tais números não significam nada. Tudo depende das relações políticas e econômicas vigentes, da análise da relação de forças, da conjuntura nacional e internacional. A manipualação dos dados abstratos é um aceno para o que há de mais atrasado na política e uma grande homenagem à política reacionária da direita usada para ludibriar o povo.
O governo do PT, do ponto de vista puramente numérico, por outro lado, nada tem a mostrar, exceto a continuidade e o aprofundamento da transferência da poupança nacional, forçada através da pesada carga fiscal, para os bolsos dos banqueiros, dos especuladores internacionais e do grande capital nacional associado a eles. Lula garantiu que este gigantesco mecanismo de transferência continuasse a funcionar apesar de toda a rejeição popular ao governo FHC.
No que diz respeito à política do Estado, em particular na economia, Lula foi apenas um continuador da obra reacionária e espoliadora de FHC.
O fundamental em um governo, em particular em um governo que se proclama de esquerda é a política. Com isto queremos dizer a evolução da classe trabalhadora, da luta pelas suas reivindicações, do avanço da consciência operária e do povo em geral e da sua organização. No final das contas, nada poderia ser mais reacionário do que a idolatria do atual regime político e do capitalismo atrasado existente no Brasil. Qualquer governo, mesmo os governos burgueses, devem ser julgados sob o ponto de vista da transformação histórica de que o país necessita.
A organização da classe operária sofreu sob o governo Lula o mais profundo retrocesso desde a ditadura militar. Este retrocesso iniciou-se já no governo de Sarney e aprofundou-se sob Collor e mais ainda sob FHC. Em todos estes momentos, o PT teve uma participação decisiva em conter a luta popular, em desviá-la para o terreno puramente eleitoral, onde foi estrangulada. Com a subida de Lula ao governo esta situação chegou ao seu ponto mais baixo. A profunda e vasta corrupção da burocracia sindical da CUT, chegada aos postos governamentais, serviu para desorganizar ainda mais os sindicatos e outras organizações operárias e estudantis,o que acarretou um retrocesso político geral no País. A crise é tão profunda que salta ao olhos, a ponto de que uma parcela da esquerda, sem qualquer política séria para o movimento de massas, consegue arrastar uma parte dos elementos ativos, está certo que em grande medida pequeno-burgueses, para a tradicional política semi-anarquista de criar organizações “puras”, não contaminadas pela burocracia. Os trabalhadores vêem-se despojados das suas organizações e incapazes de criar um movimento pela sua recuperação em função da falta de alternativas e da pressão dos aparelhos dominados pelo Estado capitalista.
Lula tentou consolidar este esmagamento das organizações operárias com a reforma sindical e fracassou. No entanto, consolidou-se a liquidação do direito de greve e intensificou-se a intervenção estatal no sindicatos, revelando que o governo do PT serviu, acima de tudo, como cobertura para uma ofensiva da ala direita da burguesia contra a organização operária.
Outro lado desta mesma questão é a situação dos direitos democráticos da população em geral. Nos últimos oito anos, aprofundou-se extraordinariamente a tendência retirar os direitos da população, consolidando-se a obra do governo FHC. Censura, represssão policial, intervenção das forças armadas, reformas reacionárias no judiciário, proibições e mais proibições acumularam-se em uma clara ofensiva da direita contra as lutas, os movimentos e a organização popular.
No campo, aumentaram os assassinatos de dirigentes da luta popular.
Argumentarão alguns que estas coisas todas não foram feitas pelo governo, mas por diversas instituições do Estado. Esta consideração é muito parcialmente correta, porque Lula tomou a iniciativa de formar a Força Nacional de Segurança, aumentando a capacidade repressiva do Estado, de mandar tropas para o Haiti e os parlamentares do PT participaram ou se omitiram na aprovação da maioria dessas iniciativas.
Isso, porém, não tem importância alguma. O mais importante é que o PT no governo culminou a obra que vinha realizando de neutralizar completamente toda oposição ao regime político. A maior parte das organizações sindicais, juvenis, de luta pela terra e de movimentos diversos estão sob a direção do PT e estão completamente paralisadas diante das iniciativas tomadas pela direita. O PT só assinala a questão da direita nas eleições, de maneira puramente retórica e demagógica para ganhar votos e nada mais. Passadas as eleições, não há conflito algum e sim uma estreita colaboração.
Esta capacidade de neutralização é, inclusive, a única e real importância que o PT tem para a burguesia. Este é o mais importante serviço prestado aos capitalistas e à direita politica.
O aspecto progressista e revolucionário dos oito anos de governo do PT é que serviram para uma ampla experiência da classe operária com a política deste partido e que terá uma influência decisiva nos próximos acontecimentos políticos de importância. Esta experiência parece aos leigos ser inexistente porque se dá em meio a um perído de prostração da lutas populares, em particular da classe operária. No entanto, a inevitável aceleração da situação política em função do desenvolvimento da crise fará com que venha à tona o desenvolvimento latente. Lula não se chocou abertamente com a classe operária, o que fará com que o movimento de luta dos trabalhadores seja obrigado a realizar uma nova experiência com Lula. No entanto, Lula e o PT são coisas distintas, mesmo se ligadas. A crise da burocracia sindical petista e das lideranças do MST em função da sua política de colaboração de classes levam a uma erosão do partido cada vez mais e que deverá assumir um caráter fulminante em uma crise de grande envergadura.

Depois de enganar eleitores, Lula, Dilma e PSDB vão privatizar aeroportos

A privatização dos aeroportos, que vem sendo discutida há muito pelos partidos burgueses e pelos empresários, começa a ser colocada em marcha pelo governo Lula com a privatização do
Aeroporto de S. Gonçalo do Amarante no Rio Grande do Norte.
Na última quarta-feira, o CND (Conselho Nacional de Desestatização) aprovou o modelo de “concessão” do areoporto que, neste momento, está sendo construído pelo Estado. Esta operação deverá ser um modelo para a concessão de boa parte dos aeroportos brasileiros para os capitalistas, ou seja, a privatização.
A Infraero, empresa estatal, é responsável pela administração de 67 aeroportos no país, havendo outros controlados por órgãos estaduais, por onde passam anualmente cerca de 80 milhões de passageiros e 1,2 milhão de toneladas de cargas aéreas. Tais números dão a idéia do presente que a privatização dos aeroportos significará para os administradores. Segundo estatísticas, as empresas de aviação na América Latina pagam cerca de 3 bilhões de dólares aos administradores dos aeroportos. No caso brasileiro, que conta com uma fatia substancial deste total, esta transferência deverá aumentar substancialmente.
É uma mina de ouro. Por este motivo, há uma pressão dos bancos e dos capitalistas nacionais e internacionais para que a máquina de fazer dinheiro seja entregue a eles, em mais um espetacular assalto contra o patrimônio público. Perto de tais roubos, a propolada criminalidade carioca é coisa de criança.
O PSDB, já no governo Serra, anunciou que vai doar 30 aeroportos estaduais para os capitalistas. Isso mostra que não estamos diante de uma política de PT ou de PSDB, mas que ambos os partidos são instrumentos servis nas mãos dos banqueiros e grandes capitalistas. Não é uma política: os grandes capitalistas mantêm o Estado nacional refém através de partidos antinacionais, subservientes e corruptos para extrair do povo brasileiro até mesmo a última gota de sangue.
Aqui temos mais uma demonstração da farsa de que foram vítimas eleitores do PT e do PSDB. Ninguém foi a público defender a privatização, mas brigaram diante do País até pelo caráter satânico do vice de Dilma Roussef e outras momices típicas do lamentável panorama eleitoral brasileiro em um grande show de distracionismo burlesco. Agora, ambos se juntam calmamente, sem briga, para fazer do Brasil e do povo brasileiro um capacho para os grandes capitalistas estrangeiros, bancos e capitalistas nacionais pisarem e limparem a sola dos sapatos.
Agora, os exaltados defensores eleitorais de ambos os partidos calam-se, revelando o papel de instrumentos utilitários que fizeram e fazem. O que têm a dizer os cabos eleitorais do PT para o povo brasileiro diante do crime monstruoso que está para ser cometido contra ele pelo seu próprio partido?
Náo vamos nem mesmo entrar no mérito das piedosas explicações de sempre de que as privatizações são “para o bem de todos e felicidade geral da nação”. De acordo com dados da Anac (Associação Nacional de Aviação Civil), somente 11 dos 67 aeroportos estatais do país geram lucro, o que leva à falta de investimento em obras necessárias. É a operação já conhecida de criar uma falência artificial para chamar os eficientíssimos capitalistas para salvar a pátria… deles. De acordo com esta fábula para crianças, os generosos banqueiros que levaram o mundo todo à falência sem diminuir um único centavo dos seus ganhos, iriam administrar bem (bem como os fundos financeiros norte-americanos?) os aeroportos, torná-los lucrativos e depois devolver o dinheiro para o povo brasileiro na forma de obras de infraestrutura. Qualquer cidadão, por mais simplório que seja sabe que tais capitalistas não existem nem nunca existiram nem em contos de fada.
É importante repetir uma e outra vez que se trata de uma operação criminosa, de entrega de uma autorização estatal para capitalistas irresponsáveis, criminosos e corruptos estabelecerem legalmente uma máquina de imprimir dinheiro. Como foram todas as privatizações. Os estados, governos e partidos que fazem estas operações criminosas em todo o mundo são corruptos e foram colocados a serviço dos grandes bancos e capitalistas por meio da corrupção estatal. Está aí uma boa oportunidade para os moralistas de plantão exercitarem a sua sanha moral. Por que matar jovens negros, de sandália de dedo nos morros do Rio de Janeiro quando nos é oferecido um espetáculo de crime de tal envergadura?
A fonte da corrupção está em que o Estado é, hoje, a única verdadeira fonte de lucros dos capitalistas. Por isso, vivemos sob esta ditadura. A pessoa que vai ser estuprada precisa primeiro ser imobilizada. Esta é a verdadeira função do Estado e da repressão como a que vimos no Rio de Janeiro.
A Copa do Mundo – desculpa universal para todo o tipo de crimes – vem uma vez mais servir de explicação para mais este crime. Até que a Copa aconteça terão roubado a própria pele do povo brasileiro e entregue aos capitalistas.
É preciso denunciar a dupla PT-PSDB, uma ótima oportunidade para a acabar com a farsa política, organizando uma ampla campanha contra a privatização multimilionária dos aeroportos. Esta é mais uma tarefa para todos os que se dizem democráticos, antiimperialsitas e defensores do trabalhadores e do povo brasileiro.
Só a força organizada do povo em luta pode detê-los. A fábula da grande arma que é a cédula eleitoral já ficou para trás.