Estado de emergência na França: um ataque contra a classe operária

As ações do Estado Islâmico, em Paris, serviram para o governo francês impor duras condições de vida para os imigrantes e para a classe operária em geral

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Depois que o Estado Islâmico respondeu aos ataques terroristas da França em solo sírio, o governo francês reagiu com um estado de sítio. A ofensiva foi contra a própria população da França, visando, em parte, aos imigrantes e, em parte, aos trabalhadores do país.

A ação do Estado Islâmico em Paris, ocorrida em meados de novembro do ano passado, levou o presidente francês, François Hollande, a adotar uma medida de exceção, denominada “estado de emergência”, o que significa, na prática, a suspensão dos direitos constitucionais mais básicos do cidadão: prisão para interrogatório (sem justificativa legal), revistas em público (legal no Brasil, mas proibida na Europa), invasão de domicílios pela polícia, etc. O “estado de emergência” deveria durar 120 dias.

Hoje, pouco mais de 60 dias depois, os franceses já se manifestam publicamente contra isso, exigindo o fim do estado de exceção. Mais de cinco mil pessoas se reuniram em Paris, na Praça da República, para exigir o fim desse estado. A Liga de Direitos Humanos já havia pedido que se retirasse o estado de emergência, mas não foi atendida.

Esse estado de emergência só fora usado anteriormente duas vezes: durante as guerras de libertação do povo argelino (1955) e, em 2005, durante as revoltas dos imigrandos nos subúrbios de Paris. Ou seja, as duas vezes em que fora usado, o estado de emergência visava ao povo francês e tinha caráter xenófobo.

Agora não foi diferente. Não se trata de medo de ataque terrorista; trata-se de uma medida contra a população do país. E, de acordo com experiências recentes, podemos afirmar que vem por aí uma dura medida econômica de caráter neoliberal.

Tudo isso evidenciou-se em meados de janeiro. O presidente francês entregou ao povo francês uma nova medida de emergência, dessa vez de caráter econômico. O “estado de emergência econômica”, como vem sendo chamado, é um pacote de medidas que contemplam cortes orçamentários e “estímulo” ao emprego. Nem é preciso dizer que tal “estímulo” se traduz na flexibilização de leis trabalhistas (para estimular a contratação, segundo os autores das medidas). Nada mais é do que um ataque a direitos conquistados em duzentos anos de luta contra a exploração e o trabalho semi-escravo, por parte dos trabalhadores.

O governo anuncia que não haverá aumento de impostos. E o diz como se isso fosse uma maravilha. Mas, na prática, significa que não será a classe capitalista a pagar por tais estímulos, e sim a classe operária. Isso afetará sobremaneira os imigrantes que vivem, na maioria, em condições de subemprego.

Fica claro que, sempre que tais medidas de exceção são tomadas, de imediato, quem sofre é o povo em geral. Mas, a longo prazo, sofrerá o trabalhador.

 

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