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Eles queriam fechar mil escolas… “Reorganização” tucana desviou milhões da merenda escolar

Os paladinos da “luta contra a corrupção” e “campeões da ética” são acusados de desviar milhões da alimentação dos estudantes em mais de 150 cidades

alckmin e capez

O ano de 2015 terminou com o governo Geraldo Alckmin sendo derrotado na sua tentativa de fechar até mil escolas do ensino básico por conta de uma grande mobilização de professores, estudantes, pais e funcionários, impulsionada pelas organizações do sindical (APEOESP, CUT etc.), estudantil (UBES, UEE, UMES etc.) e popular (CMP, MST, MTST). A derrota do governo levou à queda de toda a cúpula da Secretária da Educação, tendo à frente o ex-secretário Herman Cornelius Woovard.

A operação criminosa do governo contra a Educação, que previa também a demissão de até 50 mil professores e funcionários e a transferência compulsória de centenas de milhares de alunos para escolas longe de seus locais de residência, foi por ele denominado de “reorganização”.

“Reorganizando a merenda”

Uma outra face da “reorganização” veio à público nos últimos dias. Segundo denuncias apuradas pelo Ministério Público Estadual (MPE) e da Policia Civil, os tucanos organizaram na SEE um esquema – envolvendo também dezenas de prefeituras – que desviava entre 10 e dos contratos bilionários de fornecimento de merenda escolar.

Na última segunda (1/02), por exemplo, o presidente da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), Cássio Chebabi, disse à Polícia Civil e ao MP que na celebração de contratos com o governo estadual (via SEE) era exigida uma comissão de 10% para deputados tucanos. A propina era cobrada também nas prefeituras das “bases” dos deputados da base governista, já foram denunciadas irregularidades em contratos com 22 prefeituras, mas há indícios que as propinas era cobrada em mais de 150 municípios.

Segundo apurou o MPE a Coaf (que está preso) repassava “propina” a deputados federais, estaduais e funcionários do governo Alckmin e das prefeituras para garantir as contratações.

Os golpistas no comando da roubalheira

De acordo com escutas telefônicas realizadas o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) e homem de confiança do secretário Edson Aparecido, Luiz Roberto dos Santos, o “Moita”, coordenava o esquema diretamente do Palácio dos Bandeirantes.

Entre os contemplados com os recursos, segundo as denuncias, estão o deputado estadual Fernando Capez (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, e o deputado federal Duarte Nogueira (PSDB), ex-secretário da Agricultura e atual chefe da Secretaria de Logística e Transportes, figuras de proa do governo Alckmin.

Também estão entre os denunciados figuras destacadas da direita golpista (que quer derrubar o governo Dilma para “acabar com a corrupção”), como o presidente do PMDB paulista, deputado federal Baleia Rossi; o deputado federal Nelson Marquezelli (PTB); e o deputado estadual Luiz Carlos Gondim (do Solidariedade, do deputado “Paulinho da Força”).

Os mesmos que atacaram professores e estudantes

Os defensores da congelamento dos salários dos professores e que defenderam com “unhas e dentes” a criminosa reorganização das escolas, dizendo cinicamente se tratar da defesa da “melhoria do ensino” também integravam o esquema.

Segundo afirmou o presidente da Coaf , o próprio ex-secretário estadual da Educação Herman Voorwald foi beneficiado com uma propina de R$ 100 mil (equivalente ao salário de 50 professores), pagos para manter a fornecedora antiga da secretaria, a empresa Citricardilli.

O ex-chefe de gabinete da Secretaria da Educação Fernando Padula (o mesmo que declarou guerra às ocupações em reunião clandestina na SEE, cujo áudio vazou) também foi envolvido nas denuncias.

Lucros de até 90% e propinas de até 25%

Segundo outro preso na operação, Adriano Miller Aparecido, do setor financeiro da Coaf, a propina era paga sem dificuldades pelas empresas uma vez que os contratos garantiam lucros exorbitantes. Um dos exemplos citados por ele eram os contratos de fornecimento de suco de laranja, nos quais era possível lucra até 90%. A “mágica” era garantida pelo fato de que o governo aceitava pagar (c0m o dinheiro dos impostos pagos pela população) os preços cobrados nos supermercados. Assim o suco que custava R$ 3,70 era vendido ao governo por R$ 6,80.

Com tamanha “lucratividade” (roubo puro!) as “comissões” pagas à máfia tucana podiam ser “generosas”, chegando em alguns contratos até 25% . Um exemplo – citado por outro diretor da Coaf preso, Carlos Alberto Santana da Silva, como no caso de um contrato de R$ 7,76 milhões, o qual quase R$ 1 milhão foi pago de propina para os “nobres” tucanos.

O esquema denunciado cobre apenas parte dos recursos da merenda escolar: 30% da verba do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), distribuído pelo governo federal a estados e municípios (de acordo com a Lei 11.947), os quais precisam ser usados na compra de alimentos da agricultura familiar. Os outros 70%, que podem ser comprados diretamente de grandes fornecedores, atacadistas etc. ainda não são alvo de investigação.

Nenhum deputado tucano foi preso

Diferentemente das operações comandadas pelo MPF e PF dominados por elementos da direito golpista ligados aos tucanos, onde a simples delação de um parlamentar do PT dá lugar a uma prisão, no caso de SP, nenhum dos “éticos” e “combatentes da luta contra a corrupção” do PSDB e dos seus aliados foi presos, apenas dirigentes e funcionários da Coaf e figuras secundárias do esquema.

As denuncias na Operação Alba Branca, já levaram à prisão de pessoas envolvidas em Americana, Barueri, Bauru, Caieiras, Campinas, Cotia, Colômbia, Santa Rosa de Viterbo, Paraíso, Novais, Sumaré, São Carlos, Mairinque, São Bernardo do Campo, Cotia, Mogi das Cruzes, e Santos. Nestas e outras cidades (passariam d 150), há denuncias de contrato superfaturados em execução e de outros que estão sendo denunciados.

Mesmo com ditadura do tribunal, aeroviários e aeronautas paralisaram as atividades

Nessa quarta-feira, dia 3 de fevereiro, aeronautas e aeroviários fizeram paralisação em 12 aeroportos pelo País. As categorias compostas por trabalhadores como pilotos, comissários de bordo e trabalhadores em terra resolveram parar as atividades em protesto contra o não cumprimento da data base, que seria em dezembro, pelas empresas.

aeroviarios2A paralisação, organizada pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil (Fentac), tem como pauta a reposição de 11% da inflação nos salários dos trabalhadores, retroativo à data base. As empresas querem fazer esse pagamento parcelado em três vezes, até novembro de 2016, um mês antes da data prevista para o próximo reajuste, causando perdas ainda maiores aos trabalhadores.

De acordo com o Tribunal Superior do Trabalho (TST), ao menos 80% da frota deveria ser mantida em funcionamento, ou haveria multa de R$100 mil por dia de não cumprimento da determinação, o que não impediu que ocorresse, de acordo com a Infraero, ao menos 264 voos atrasados e 121 cancelados entre os voos domésticos. Mesmo com a ditadura do Tribunal, que passa por cima do direito de greve, a paralisação foi forte.

As mobilizações ocorreram nos aeroportos de Congonhas, Guarulhos, Santos Dumont, Galeão, Viracopos, Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Brasília, Salvador, Recife e Fortaleza

Entretanto, de acordo com o site da Fentac, “Os aeronautas e os aeroviários de Guarulhos, Campinas, Recife, Porto Alegre e nas bases do Sindicato Nacional dos Aeroviários, representados pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil da CUT (FENTAC), decidiram em assembleias realizadas nesta quarta-feira (3), suspender a paralisação nos aeroportos até a próxima quarta-feira (10), depois do Carnaval”, na intenção de aguardar a construção de uma proposta para a reposição das perdas salariais, que deve ser apresentada ainda essa semana. Ainda de acordo com o site, tal decisão foi tomada pois “O TST e a Procuradoria Geral do Trabalho alertaram que caso paralisações aconteçam no período do Carnaval, o movimento será considerado abusivo.”

É preciso que a categoria não se intimide com a ameaça do tribunal que age de acordo com os interesses dos patrões.

Usiminas demite 1.307 trabalhadores

É preciso ocupar a fábrica e garantir a produção

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Na segunda semana de janeiro, os trabalhadores da Usiminas receberam a notícia do corte de postos de trabalho na empresa. A partir da segunda-feira, dia 1o de fevereiro, os funcionários seriam desligados d dos quadros da empresa de fabricação de aço da baixada santista.

Desde o ano passado, os trabalhadores vinham sofrendo constantes assédios e ameaças de demissões. A justificativa dos patrões é a suposta crise no preço do aço e que a empresa não suportaria sustentar os custos de produção.

Para que as demissões sejam revertidas, será necessária a organização de todos os trabalhadores da siderúrgica e a paralisação imediata de toda a atividade da empresa, colocando a direção da companhia Usiminas nas mãos dos trabalhadores.

Se os patrões não conseguem sustentar a produção, que os trabalhadores ocupem a fábrica e garantam os empregos. É preciso reestatizar a Cosipa, que foi entregue a preço de banana para a Usiminas. As demissões mostram qual é o real sentido das privatizações.

Um 1º de Maio operário e socialista

O ato organizado pelo PCO na quadra dos bancários contou com a presença de diversos setores em luta, de trabalhadores e estudantes em greve

Pelo oitavo ano consecutivo, o Partido da Causa Operária organizou a partir de sua corrente sindical um ato de 1º de Maio independente, onde procurou dar voz aos ativistas das mais diversas mobilizações do último período.

Cerca de mil pessoas compareceram à quadra do Sindicato dos Bancários, no centro de São Paulo para protestar contra a privatização dos Correios, contra a repressão nas universidades, em defesa do direito de greve, do direito de aborto para as mulheres etc.

Mais de uma dezena de oradores intervieram no ato. Em nome dos processados da USP, André Sarmento, membro do PCO e da AJR, e Rafael Alves explicaram ao público a a perseguição política aos estudantes que está sendo promovida por Rodas e o PSDB. Também tiveram voz companheiros da Unifesp, que falaram da repressão sofrida por eles no ano passado, bem como um estudante da Unesp Marília que falou da ocupação por eles realizada e pediu apoio à mobilização.

O companheiro Juliano Lopes interveio em nome do Coletivo de Negros João Cândido para repudiar a tentativa da direita brasileira, liderada pelo PSDB e DEM, de reduzir a maioridade penal, medida que vai afetar principalmenete a juventude pobre e negra das periferias.

A companheira Percilliane Marrara falou pelo Coletivo de Mulheres Rosa Luxeemburgo, e destacou a necessidade de uma campanha mais vigorosa em defesa do direito de aborto, que tem sido o tema central da ofensiva da direita contra as mulheres em todo o mundo. Ofensiva diante da qual a esquerda no Brasil tem capitulado sistematicamente, quando não servido de palanque para ela, como no caso do PSOL com Heloísa Helena ou da realização de atos de frente única com a reacionária Igreja Católica.

Falaram ainda companheiros dos municipários de São Paulo, Belo Horizonte, dos professores de São Paulo, que estão em greve nesse momento; do companheiro Messias, bancário demitido por perseguição política na Caixa Econômica Federal e da Associação de Moradores de Vargem Grande.

Outro destaque do ato foi a intervenção dos membros da Corrente Ecetistas em Luta, que ressaltaram a importância da vitória da oposição na Federação Nacional da categoria dos correios no ano passado. Essa vitória marca toda uma mudança que está começando a se operar no movimento sindical brasileiro, que tende a ultrapassar a burocracia para constituir direções verdadeiramente independentes.

No encerramento do ato falou o companheiro Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, sobre a pressão do imperialismo sobre os governos de esquerda e nacionalistas da America Latina e como os trabalhadores tendem a ultrapassar esses governos, que capitulam sistematicamente diante da direita. No próximo período está colocada a construção de um amplo movimento da classe operária, independente da burguesia nacional, contra a direita e o imperialismo, que lute por um governo da própria classe trabalhadora.

Depois do ato, os participantes realizaram uma passeata pelo centro da cidade.

Na parte da tarde, foi realizada a parte cultural da atividade, protagonizada pelo grupo musical Raíces de America.

 

Publicado no Causa Operária Online número 3439, de quinta-feira, 2 de maio de 2013