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Quase deuses… Juízes lançam nota criticando o manifesto contra a Lava Jato

De acordo com os juízes, a atuação de Moro, atropelando garantias legais, “coroa um lento e gradual processo de amadurecimento das instituições republicanas brasileiras”

Recentemente, no dia 15 de janeiro, mais de cem advogados lançaram um manifesto em que foram denunciados os procedimentos da operação Lava Jato, que culminou na prisão de políticos da esquerda e, para tanto, atropelou diversas garantias constitucionais, como o direito ao contraditório, a ampla defesa, etc.

Em determinada parte do manifesto é dito que “no plano do desrespeito a direitos e garantias fundamentais dos acusados, a Lava Jato já ocupa um lugar de destaque na história do país (…) nunca houve um caso penal em que as violações às regras mínimas para um justo processo estejam ocorrendo em relação a um número tão grande de réus e de forma tão sistemática”, afirmam.

Criticando a total arbitrariedade da maneira como foram conduzidas as investigações dessa operação, o documento denuncia que houve “desrespeito à presunção de inocência, ao direito de defesa, à garantia da imparcialidade da jurisdição”. Além disso, a Lava Jato configuraria “o desvirtuamento do uso da prisão provisória, o vazamento de informações seletivas e confidenciais, a execração pública dos réus, dentre outros graves vícios” e que tudo o que foi feito nessa operação colocaria em risco o futuro da justiça penal brasileira.

Diante desse manifesto, bastante moderado em relação ao que realmente é a operação Lava Jato, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) criticou em nota a posição dos advogados que subscreveram o documento.

Em poucas linhas logo se nota que o juiz Moro, para a Ajufe, figura como uma espécie de deus. Além disso, a atuação de Moro, de acordo com a Ajufe, “coroa um lento e gradual processo de amadurecimento das instituições republicanas brasileiras”.

A nota da Ajufe afirma que “o manifesto desse pequeno grupo de advogados dá a entender a ideia absurda de que o Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal se uniram com o propósito de manejar a opinião pública para pressionar o próprio Judiciário”.

O raciocínio da Ajufe sobre o manifesto é correto, mas não é completo. O propósito dessa união entre esses poderes (todos não eleitos, diga-se de passagem), além de manejar a opinião pública é promover a caça ao maior partido de esquerda do Brasil, o Partido dos Trabalhadores.

Com esse processo, toda a esquerda está sob ameaça. Derrubando o PT, passando por cima das garantias legais, abre-se todo um novo processo de perseguição à esquerda, aos partidos, sindicatos, associações, enfim, a todas as organizações dos trabalhadores e do povo. Esse é o objetivo da Lava Jato, e a nota cínica da Ajufe criticando o manifesto dos advogados é somente mais uma prova dos objetivos do Ministério Público, do Poder Judiciário e, especialmente, da Polícia Federal, que está atuando sob ordens diretas dos interesses imperialistas.

Cunha: de volta para o início

Aliado do presidente da Câmara dos Deputados interfere em andamento da comissão de ética que deverá voltar à estaca zero

Eduardo-Cunha-e-vice-presidente da camara Waldir-Maranhão

Em nova manobra regimental, o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), agiu em favor de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) interferindo no andamento do Conselho de Ética da Casa. Maranhão anulou a sessão do conselho que aprovou a admissibilidade do processo de investigação de Eduardo Cunha fazendo com que volte para o início, quando foram iniciadas as discussões sobre o caso.

Por 11 votos a 9, a sessão de 15 de dezembro de 2015 decidiu que seria aberto o processo de investigação das denúncias. No último dia antes do recesso, 22 de dezembro, no entanto, Maranhão determinou a anulação. A decisão foi no apagar das luzes do funcionamento da Casa; e apenas chegou à presidência do conselho, dia 2 de fevereiro de 2016.

Denúncia contra Cunha

O presidente da Câmara dos Deputados, neste processo, é acusado de quebra de decoro parlamentar por mentir a seus pares durante depoimento na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras.

Ele teria mentido ao declarar não possuir contas no exterior. O Ministério Público da Suíça encaminhou ao Ministério Público Federal do Brasil provas de que é proprietário de contas que acumularam milhões de reais naquele país. Existe ainda a suspeita de que as contas, também em nome de sua esposa, serviam para manter recursos conseguidos através de propina do esquema investigado pela operação Lava Jato.

A Procuradoria Geral da República aguarda que o Supremo Tribunal Federal julgue pedido de abertura de investigação contra Cunha por outras acusações. Entre elas, ter recebido, entre junho de 2006 e outubro de 2012, pelo menos US$ 5 milhões para viabilizar a contratação de dois navios-sonda para a Petrobras. As acusações tem origem em delação premiada da operação Lava Jato. O STF julgará, ainda, pedido de afastamento do parlamentar do cargo. Segundo Teori Zavascki, presidente do STF, ambos devem ser julgados ainda neste mês de fevereiro.

Protelação do processo

Agora, com a manobra de seu aliado, o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), fica protelada ainda mais a possibilidade de ser aprovado o processo de cassação.

“Dou provimento ao recurso n. 104/2015 do senhor deputado Carlos Marun para determinar nova discussão e assegurar aos membros do Conselho de Ética e decoro Parlamentar direito ao pedir vista do parecer”, escreveu Maranhão.

O presidente do conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), afirmou que vai acatar a determinação. “Ele reclamou que o recurso [do deputado Marun] foi apresentado à Mesa Diretora da Câmara sem antes passar pelo próprio Conselho de Ética e que houve uma demora de cerca de 40 dias para ser informada da decisão” (Folha de S. Paulo, 2/2/2016).

Essa não é a primeira vez que Cunha, através de seus aliados, interfere no andamento da comissão. O próprio vice-presidente da Casa já havia dado ordem para afastamento do primeiro relator do processo, Fausto Pinado (PRB-SP). O parecer era a favor das investigações.

Essa nova ação mostra como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, continua tendo controle da situação e que todo o clima, apresentado pela imprensa, de que as coisas teriam se virado contra ele não passou de mera encenação.

CPMF: Congresso sabota o governo petista

Quando o PT adota o programa da direita, essa mesma direita o acusa e sabota

DILMA xo cpmf - oto- Lucio Bernardo Jr.-Câmara dos Deputados

De acordo com a imprensa capitalista, o Brasil passa pela pior crise de todos os tempos. Estamos em recessão. O desemprego dispara, o dólar aumenta, a inflação sobe e a renda cai.

Essas notícias estão sendo todos os dias reforçadas como uma ladainha na cabeça da população ao lado da campanha contra o governo, Dilma, Lula e o PT.

E quando o governo apresenta uma proposta para “sair da crise”, a oposição e a imprensa saem esbravejando contra a proposta.

Nesse caso o alvo é a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras) que vigorou no país entre 1997 e 2007 como uma “contribuição destinada especificamente ao custeio da Saúde Pública, da Previdência Social e do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza”.

A proposta do governo é retomar a contribuição que inicialmente foi instituída pelo governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Isso não vai acabar com a crise econômica que tem raízes muito mais profundas. Embora seja preciso dizer que a situação é grave, mas não está no nível que a imprensa tem divulgado.

Governo cede à pressão e direita aproveita a capitulação

A presidenta Dilma Rousseff foi ao Congresso Nacional falar na abertura do ano legislativo. Discursou ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e do ministro presidente do Supremo Tribunal Federal pedindo, entre outras medidas que, para a “retomada do crescimento econômico”, seja aprovada a CPMF. Essa foi a alternativa encontrada para reajustar as contas, problema que tem a ver com a Lei de Responsabilidade Fiscal, e como uma das iniciativas para a saída da recessão. Tem a ver também com os cortes que hoje os oposicionistas sempre defenderam e agora imprimem nas costas de Dilma.

Para além da discussão se a proposta do governo é boa ou ruim, se será suficiente ou não, o que fica evidente na disputa do Congresso é que o que a oposição de direita está fazendo é uma sabotagem do governo; e do próprio ponto de vista deles, da economia do país.

A oposição de direita (PSDB…) acusa o governo de levar adiante o programa que é deles; de retomar medidas que foram implementadas por eles.

De fato o governo deve ser denunciado. Mas por estar capitulando diante da pressão da direita, do mercado financeiro internacional, do imperialismo.

A CPMF além de não resolver o problema da crise econômica, coloca o governo refém de uma Câmara que tem demostrado fidelidade ao golpista Eduardo Cunha e um Senado que, na mira da República do Paraná que já prendeu Delcídio do Amaral (PT-MS), vacila muito.

A sabotagem da direita e a falta de iniciativa do PT são os ingredientes para o avanço da crise econômica que tende a afetar cada vez mais a população.

Caso Amarildo: a lei não é para todos

Julgamento de policiais completa a farsa do caso. Penas chegaram a 13 anos, em um caso de tortura, assassinato e ocultação de cadáver

Amarildo-Rocinha1

O caso do pedreiro Amarildo de Souza, torturado e assassinado pela Polícia Militar, é um dos que melhor ilustra a ação da PM, da justiça e de todo o sistema penal brasileiro.

Nesta semana, 12 policiais envolvidos no caso foram sentenciados, sendo que a maior pena aplicada é contra o Major Edson, que foi condenado a 13 anos e sete meses pela morte de Amarildo.

Amarildo desapareceu no dia 14 de julho de 2013, na Rocinha. No primeiro momento, a Unidade de Polícia Pacificadora do local afirmou que o pedreiro foi abordado e liberado pela PM. Desde então Amarildo jamais foi visto.

A farsa do caso, denunciado por moradores e parentes, foi descoberta aos poucos com os relatos, testemunhas e as tradicionais desculpas esfarrapadas da Polícia Militar.

A campanha “Onde está Amarildo?” logo ganhou até mesmo a imprensa burguesa e se tornou um dos principais motivos de manifestações dos trabalhadores e do movimento popular.

O caso chega ao seu final (ou quase, já que da sentença cabe recurso) com a pretensa punição dos militares envolvidos no desaparecimento, tortura, assassinato e ocultação do cadáver de Amarildo.

A Justiça do Rio condenou policiais militares envolvidos no caso. De acordo com o “Fantástico”, da Rede Globo, os policiais vão cumprir penas que chegaram a 13 anos e sete meses de prisão, como é o caso do Major Edson, que recebeu a maior pena por ser a maior patente envolvida no caso.

Não é difícil verificar a farsa completa dessa sentença e de todo caso. Um primeiro exemplo é que, se por um lado uns policiais foram presos, por outro três policiais foram absolvidos do caso e já estão com o alvará de soltura expedidos.

Da mesma forma, as penas não passam de uma tentativa de mostrar que existe alguma justiça que atua contra a “morte que anda de farda”, mas na verdade não significa nada para a corporação, nem para a sua ação como um todo.

Isso porque as penas podem ser cumpridas em pequenos prazos e, rapidamente, serem convertidas em penas mais brandas. Como já aconteceu, é possível que no futuro algum policial envolvido no caso Amarildo seja promovido, ou se torne secretário de segurança.

Alegadamente, todos os policiais envolvidos no caso serão expulsos da corporação, segundo a sentença. Como se não houvesse a total cumplicidade de todo sistema repressivo do estado fluminense, que deve, em seguida do cumprimento da sentença, readmitir aos quadros da PM todos os policiais envolvidos.

O esforço de mostrar que a PM pode ser punida nas execuções cometidas por ela é a única finalidade dessa sentença. Quer dizer, tem o objetivo de ludibriar a população, de passar a falsa imagem de uma justiça preocupada com a limpeza racial cometida pela PM nas periferias e comunidades brasileiras.

A saída para este complexo funcionamento, onde juízes que se arriscam em sentenciar policiais podem morrer, é acabar com todo o sistema, dissolver a Polícia Militar, expulsar as UPPs de todas as favelas ocupadas.

Paulo Henrique Amorim condenado à prisão

Ali Kamel teria se ofendido com criticas de Amorim a seu livro contra cotas para negros nas universidades

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O jornalista Paulo Henrique Amorim, do site Conversa Afiada, foi condenado à prisão na última sexta-feira (29). A alegação absurda contra ele é de injúria e difamação por ter denunciado o diretor da Rede Globo, Ali Kamel, como racista.

A condenação partiu do desembargador Edison Brandão da quarta Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo. A condenação ainda pode ser recorrida pela defesa.

Em postagens em seu site, Amorim critica Kamel por engrossar as fileiras racistas dos que bloqueiam a integração e ascensão do negro, citando o livro de Kamel “Não somos racistas – Uma reação aos que querem nos transformar numa nação bicolor”. Nesse livro, bem típico da direita coxinha e racista, Kamel tenta sustentar a tese de que não há necessidade de existirem cotas nas universidades e que o racismo seria um resultado das cotas.

Não é a primeira vez em que o jornalista é processado e condenado pela justiça. No final do ano passado, Amorim teve que recorrer da decisão do tribunal e aceitar restrições de seus direitos para não ser preso por, simplesmente, chamar Heraldo Pereira, jornalista da Rede Globo, de “negro de alma branca. A crítica de Amorim, correta em todos os sentidos, é de que Heraldo Pereira, apesar de negro, tem a função de encobrir o racismo na Rede Globo. Amorim foi condenado por racismo justamente por defender denunciar o racismo da Rede Globo.

No último período, Amorim tem sido duramente atacado e perseguido por estar dando destaque a importantes denúncias, como as tentativas golpistas no País, a privataria tucana e principalmente atacar todo o monopólio da imprensa capitalista, em especial as organizações Globo.

As duas condenações contra Paulo Henrique Amorim mostram para o que serve a política de censura e controle ideológico defendido pela esquerda pequeno-burguesa, que pede leis repressivas com a desculpa de favorecer os negros, as mulheres e os homossexuais. No final, quem vai sofrer com tais leis não serão os direitistas – racistas e preconceituosos por natureza – mas justamente os elementos de esquerda e progressistas que defendem os direitos da população.