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TEA PARTY, AYN RAND E A FILOSOFIA DO ÓDIO

Por Afonso Teixeira Filho

Imagine que eu queira provar a você que o melhor sistema político seja a teocracia. E, para isso, eu escreva um romance.

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Ayn Rand

O romance fala de um grupo de ateus que vai viver isoladamente no meio do mato. Constroem uma sociedade baseada na descrença total. Com o tempo, passam a não acreditar mais um no outro e a sociedade, por fim, acaba se desintegrando. Entretanto, umas poucas pessoas, que se amavam, passam a propagar a fé no outro e, graças a isso, reconstroem parte da sociedade destruída. A partir daí, passam a acreditar também em divindades, por decorrência da fé pessoal.

Tudo o que foi exposto concatena-se logicamente. A falha está na maneira como a trama foi construída. Foi idealizada para provar a tese de que é melhor ter fé do que ser ateu. Em primeiro lugar, não existe comprovação lógica de que a sociedade de ateus se desintegraria; segundo, isso poderia ocorrer por outros motivos que não a falta de confiança; terceiro, todas as interferências externas foram removidas da trama; e, por fim, por que os ateus tiveram de construir uma sociedade aparte, senão para provar uma tese?

É mais ou menos assim que se comportam os romances de Ayn Rand. A escritora norte-americana, de origem russa, para defender seus pontos de vista, constrói alegorias que conduzem sempre à comprovação das ideias ultraconservadoras da escritora.

Ayn Rand esteve envolvida nas mais odiosas atividades que um intelectual podia se envolver, perseguindo comunistas, defendendo os ideais (capitalistas) da sociedade americana. Era fanática defensora do liberalismo, e fundou uma filosofia a que chamou de Objetivismo, o que, em linhas gerais, significa a legitimidade de se viver em sociedade sem se importar com o próximo. É a filosofia do Tea-Party.

Rand teve, entre seus discípulos, ninguém menos do que Alan Greenspan, chefe do Federal Reserve, e que confessou, ao final da vida, que tudo aquilo em que ele acreditava demonstrou-se errado quando estourou a crise hipotecária nos Estados Unidos.

Dos romances de Rand, os mais importantes são The Fountainhead (no Brasil, A nascente) e Atlas Shrugged (no Brasil, A revolta de Atlas). De sua obra filosófica, destaca-se The Virtue of Selfishness (algo como, A virtude de ser egoísta).

Tudo o que essa senhora pregou na vida foi o individualismo, o egoismo e o capitalismo. O problema de sua filosofia era a desonestidade. Os raciocínios de Rand não eram profundos, não desenvolvia uma crítica sistemática e não argumentava racionalmente. O capitalismo era melhor por que era melhor. O comunismo era pior por que era pior. Mesmo a tentativa de desenvolver o tema do individualismo não foi feliz. Para provar que o homem tinha direito de viver sem se preocupar com os outros (o que significa não ter de pagar impostos), acabou defrontando-se com um problema moral. E teve de deixar a moralidade de lado para poder continuar a desenvolver as ideias do individualismo. O individualismo não teria de ser um sistema vantajoso para a sociedade, mas apenas para os indivíduos. Os indivíduos, sendo felizes, tornariam a sociedade igualmente feliz. Mas, se ela chegasse à conclusão (conclusão que sempre procurou evitar) de que a sociedade de indivíduos não seria feliz, diria que a felicidade importa menos do que a individualidade. Mas não chegou a tanto.

As ideias de Rand deram origem ao Partido Libertário Americano e hoje, esse partido (sulista, por sinal) já colocou os pés no Brasil.

Os libertarianos brasileiros defendem acirradamente a escola austríaca de Economia; atacam Marx e o comunismo. etc. Mas nunca argumentam. Quando se atrevem, costumam valer-se de dados tirados de jornais sem comprovar a fonte nem a veracidade das informações. Mas, na maioria das vezes, fogem da discussão. Para eles, todo comunista é ignorante; se esse comunista for um doutor ou catedrático, é porque foi formado em uma universidade padrão-MEC.

O libertarianismo virou uma espécie de religião do tipo da Ku-Klux-Klan. Perseguem a esquerda e planejam formar um grupo de caça ao comunismo. Têm como deuses o esquecido Ludwig von Mises (um economista sem a menor importância) e Ayn Rand (a filósofa do egoísmo). Acreditam que Milton Friedman seja uma sumidade da economia (a única pessoa reprovada em uma defesa de tese na história do mundo) e, no Brasil, contam com uma espécie de guru: um sujeito chamado Olavo de Carvalho, considerado um filósofo ultraconservador, mas que, na verdade é uma pessoa com sérios problemas mentais.

Trata-se de um bando de imbecis sendo guiado por um sujeito anormal.

Tudo isso serve para comprovar que uma ideia torta só resulta em ódio e destruição. Os libertarianos provaram que a filosofia de Ayn Rand não serve para melhorar a sociedade, mas para destruí-la. Não à maneira dos anarquistas, mas à maneira dos nazistas, com guerras, ódios, preconceitos e perseguições.

SECTARISMO ECONÔMICO – VON MISES E SEUS PROSÉLITOS

Por Afonso Teixeira Filho

O Instituto von Mises formou-se em diversos países como uma espécie de Loja Maçônica da economia. A Maçonaria, que pretendia ser uma organização filosófica, acabou numa entidade religiosa; o Instituto, que deveria ser uma organização de estudos econômicos, resultou numa espécie de Ku-Klux-Klan, uma organização religiosa que, como o Instituto, desenvolveu-se no sul dos Estados Unidos. No entanto, o negro, para o Instituto é o comunista.

O lema do Instituto é “não ceder ao mal, mas lutar corajosamente contra ele”. O mal, nesse caso, é, sem dúvida, o comunismo. Esse era o lema de Ludwig von Mises, um economista liberal, formado na escola marginalista da economia.

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Ludwig von Mises

Em torno dele, formou-se uma espécie de adoração, reunindo pseudo-intelectuais, pessoas mal-intencionadas e iludidos. E, como todo aquele que busca amparar-se numa religião, os misianos buscam uma destas três coisas: obter recompensas materiais (pragmáticos); afugentar o diabo de suas vidas (comunistas); devotar-se a Deus (o mercado) e a seu profeta (von Mises).

E, como todo religioso, todos eles iludem-se. Primeiro porque as teorias de von Mises não são capazes de promover nenhum benefício material para a sociedade; segundo porque diabo não existe; e terceiro porque von Mises não era nenhum Salvador: não estava interessado em lutar corajosamente contra o mal nem no bem da sociedade.

Quem se ampara no liberalismo econômico, como muleta filosófica, no princípio acredita que o liberalismo tenha algo que ver com liberdade. Mais tarde, quando percebe que as coisas não são bem assim, em vez de adotar uma atitude cética e uma postura crítica, faz o contrário: firma-se cada vez mais na fé. Liberalismo não é uma questão de ciência, é uma questão de fé religiosa.

Friedrich August von Hayek, apoiado do sangrento governo de Pinochet

Nos primórdios do capitalismo, quando a livre iniciativa era progressista, ser liberal era ser progressista. Com o advento dos monopólios, a livre iniciativa deixou de ser viável e ser liberal deixou de ser uma atitude pragmática. O Deus do mercado é controlado pelos grandes monopólios.

Ademais, a existência de uma escola econômica, filosófica ou artística depende das condições materiais da realidade (econômicas, históricas, políticas e sociais). Quando Marx escreveu O Capital, o capitalismo estava em pleno desenvolvimento; o movimento operário em ascenso; e a classe burguesa tomava conta do mundo. O Capital foi uma análise objetiva e científica das condições e leis da produção de mercadorias, escrito na época certa e não como um retrato de condições inexistentes, passadas ou futuras.

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Milton Friedman, inspirados do pinochetismo

Von Mises elabora sua obra alheio à materialidade do mundo. Sua preocupação, como a de todo liberal era proteger, não tanto a economia, não tanto o capitalismo, mas o capitalista. Essa mesma preocupação atinge a grande maioria dos economistas do mundo de hoje. O objetivo deles é ganhar dinheiro. Fazem da Economia uma técnica e não uma ciência. São pragmáticos. E, por isso, colocam a economia fora da história, fora da necessidade do mundo. A economia se torna algo atemporal e, portanto, religioso.

Uma série de economistas liberais, provenientes da famosa Escola de Chicago, de onde rebentaram criaturas como Margareth Thatcher e Milton Friedman, que tiveram como pastor Friedrich Hayek, só conseguiram colocar em prática suas teorias depois de apoiar golpes militares em diversos países à custa de muitas vidas. O preço da liberdade é, sempre, muito sangue.

Foi assim que as ideias de Friedman foram parar no Chile de Pinochet, a mais sangrenta ditadura que o continente viveu. E as técnicas para a implantação desse liberalismo iam desde a tortura explícita até a lavagem cerebral feita em laboratórios de universidades; desde a repressão de ideias até o assassinato; desde a simples subtração da democracia até a implantação da mais sanguinária tirania. Não há nada de liberdade no liberalismo.

Com a derrocada das ideias de Friedman e de Hayek, por causa do apoio desses mortais às ditaduras, os monges do liberalismo saíram em busca de um santo que pudesse dar credibilidade a uma teoria que, a partir de então, só se sustentava na fé. Encontraram na figura de Ludwig von Mises o pai ideal.

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Augusto Pinochet, o governante “liberal” por excelência

O problema é que o pai ideal era o pior de todos. Ludwig von Mises ajudara a implantar o fascismo na Áustria, antes da anexação pela Alemanha (Anschluss).

O fascismo vingou na Áustria para “não ceder ao mal”, para combater a ascensão do movimento operário e, sobretudo, do Partido Comunista. Engelbert Dollfuss, o chanceler austríaco, passou a governar por decreto o país e instituiu uma verdadeira ditadura perseguindo todos os partidos de esquerda. Era um admirador de Benito Mussolini e tinha, como ministro da economia, ninguém menos do que von Mises.

Von Mises admirava o fascismo. Era, e sempre foi, um fascista, como todo liberal. É dele uma conhecida sentença: “Não se pode negar que o fascismo e movimentos semelhantes, visando ao estabelecimento de ditaduras, estava cheio de boas intenções, e suas intervenções ora salvaram a civilização europeia. Os méritos do fascismo permanecerão para sempre na história.”

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Engelbert Dolfuss, chanceler do austrofascismo, do qual Mises foi ministro

Os méritos que o fascismo deixou na história foram 50 milhões de mortes, a destruição da civilização europeia quase que por completo e o embrutecimento da humanidade em geral.

Nada torna, do ponto de vista dos princípios, o liberalismo diferente do fascismo. Apesar de os regimes fascistas terem buscado controlar o Estado com mãos de ferro, o que é radicalmente contrário à filosofia liberal, o liberalismo só pode ser implantado, necessariamente, em qualquer país, se puder controlar as mentes das pessoas; se puder subtrair o poder dos sindicatos; se puder dominar os meios de comunicação; se puder domar os partidos políticos. Foi assim, no Chile. Foi assim no Brasil. Foi assim na Indonésia. Foi assim na Bolívia. Foi assim na Inglaterra. E é assim nos Estados Unidos.

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cartaz de propaganda do fascismo austríaco, do qual von Mises era partidário

O país mais democrático do mundo é o país mais repressor do mundo: a maior população carcerária do planeta; um local em que se pode ser preso por qualquer coisa; onde qualquer coisa pode ser delito. Os Estados Unidos são um país com apenas dois partidos, como era no Brasil, com Arena e MDB, republicanos e democratas; lá, duas famílias controlam quase a totalidade dos meios de comunicação do país; lá, dois monopólios controlam, praticamente, quase toda a vida do povo norte-americano (ferrovias, petróleo, correio, bancos, etc.). Lá, trinta por cento da população vive abaixo da linha de pobreza. Lá, a desigualdade social é gigantesca. O sistema de saúde é discriminatório (os melhores hospitais e clínicas do mundo para os ricos; e a escravidão para o pobre que precisa de tratamento médico).
E eu poderia escrever páginas e mais páginas sobre como é utópico o sonho americano. E, apesar disso, não tenho ódio do país: reconheço tudo o que ele tem de bom (e poderia escrever páginas sobre isso também). Mas é preciso saber analisar, criticamente, o que há de bom e o que há de ruim em sua política econômica.

O país não é, de modo algum, um país liberal. O governo intervém na economia sempre que os monopólios o exigem. E os próprios americanos não estão satisfeitos com a economia de seu país. Apenas o estão os misianos, que vivem, eles sim, um sonho utópico, uma crença mística nos poderes divinos e sobrenaturais de uma economia anticientífica e impraticável e na ressurreição de um messias escolhido entre a escória da humanidade.

Von Mises, o guru dos imbecis

Por Afonso Teixeira Filho

Eis o que disse von Mises: “O único fato sobre a Rússia sob o regime soviético com que todas as pessoas concordam é: que a qualidade de vida do povo Russo é muito menor do que a do povo no pais que é universalmente considerado como o paradigma do capitalismo, os Estados Unidos. Se fôssemos considerar o regime soviético um experimento científico, poderíamos dizer que a experiência demonstrou claludwig-von-mises-misesramente a superioridade do capitalismo e a inferioridade do socialismo.”
Prova de que o austríaco não era nenhum cientista.
Primeiro: “o ÚNICO FATO”, vejam bem, único, “o único fato com que todos concordam sobre a Rússia…” Será que os dirigentes soviéticos concordavam com isso? Será que o operário russo concordava com isso? Se alguém discorda, já não são “todas as pessoas”, ou são? E, seria esse o único fato (coso fosse verdade)? Imagino que todos, sem exceção, concordavam que o regime soviético era um regime de partido; certamente todos concordavam que o regime soviético era parlamentarista; certamente todos concordavam que o Estado soviético era um Estado operário; certamente todos concordavam que a economia soviética era planejada. Portanto, a menos que eu esteja ficando louco, o fato exposto pelo charlatão austríaco não era “o único”. Das duas uma, ou ele não conhecia os outros, ou falava o que lhe dava na telha.
Ademais, embora eu não concordasse com o regime soviético, eu também não concordo com aquilo que Mises diz que todos concordam: que a qualidade de vida nos Estados Unidos era melhor do que na União Soviética. Certamente era melhor para os ricos, mas para os pobres a União Soviética era bem melhor.
Sobre a falácia de que “a experiência demonstrou claramente…”: demonstrou coisa nenhuma. O capitalismo funciona apenas em países imperialistas, com uma outra exceção temporária. A África tem 54 países capitalistas (100%) e vive numa miséria que dá gosto. Eis aí uma prova inconteste de que o capitalismo não gera riqueza. O que gera riqueza é o trabalho. O capitalista faz apenas apropriar-se do trabalho alheio.
Os teólogos da religião de von Mises o citam como se ele fosse uma grande sumidade no terreno da economia. Citam também a Hayek e a Friedman e a Böhm-Bawerk. Esses são exemplos de “burridades astronômicas”. Os misianos (não parecem missionários?) vivem afirmando, em seu catecismo, que Bawerk desmentiu Marx. As afirmações ridículas de Bawerk nunca chegaram a constituir uma teoria. Quem o cita são apenas detratores de Marx que nunca procuraram ler a obra de Marx. Mas alguns marxistas tiveram o trabalho de ler a obra de Bawerk e criticá-la, como Bukhárin e Hilferding.
Mas não é preciso ser marxista para perceber as falhas de Bawerk. A edição de seu livro “Teoria positiva do capital” (coleção Os Economistas) tem dois volumes. O segundo volume, inteirinho, é dedicado a defender-se das críticas apresentadasa ele. Vejam só: um livro inteiro para defender-se de críticas. Mas, na maioria dos casos nem defesas são; são desculpas, correções e frases como “não foi bem isso que eu disse”, “não era bem isso que eu queria dizer”.
Continuaremos com a crítica a Böhm-Bawerk retirando do blogue de Rodrigo Constantino, outro picareta, na reviscapitalismota Veja (só podia ser!) as “provas” de Bawerk contra Marx.
Von Mises teria dito (está no blogue do Rodrigo Constantino). Leiam e pensem bem como alguém pode dizer uma besteira dessas. “O sistema econômico marxista, tão elogiado por hostes de pretensos intelectuais, não passa de um emaranhado confuso de afirmações arbitrárias e conflitantes.”
Vou citar a hoste de pretensos intelectuais: Sartre, Walter Benjamin, Adorno, Gramsci, Breton, Celso Furtado, Paulo Freire, Darcy Ribeiro, Carlos Drummond de Andrade, Oswald de Andrade, Eisenstein, Prokofiev, Chostakóvith. E a lista poderia continuar até atingir 200 páginas; e os principais intelectuais do século XX estariam nelas. Pergunta: de quem é a pretensão? Quem é o pretensioso? Mises ou toda essa gente? E, agora, José?
Vamos ao resto. O marxismo seria um “emaranhado”. Prova de que ele não entendeu Marx. Se houvesse entendido não diria que a teoria marxista é um emaranhado, pois muita gente a entendeu. Dizer que algo é um emaranhado é desculpa de mal aluno.
E, pior ainda, “é um emaranhado confuso”. Existe emaranhado que não seja confuso? Além de tudo, escreve mal.
Mas a piada não para por aqui. “Afirmações arbitrárias”. Nenhuma crítica séria ao marxismo poderia dizer que ele contém “afirmações arbitrárias”. O marxismo é um sistema e, por isso, não pode conter afirmações arbitrárias. Seja uma sistema correto ou incorreto, não poderia conter afirmações arbitrárias, pois é elaborado sistematicamente. Todo o sistema é formado por obras concatenadas. Tem bases filosóficas profundas. Fundamenta-se na dialética. Penetra na economia e faz uma crítica profunda ao sistema capitalista.
Vamos a última graça de Mises: o marxismoé um emaranhado de afirmações conflitantes. É fácil falar, difícil provar. Nunca li, em toda a minha vida uma única linha, de nenhum autor, demonstrando os conflitos nas ideias de Marx, que o próprio Marx não tenha mostrado, criticado e corrigido. Por outro lado, provei aqui como Mises, em uma única sentença, escreve uma série de coisas conflitantes, especulativas, confusas e tomadas arbitrariamente.
Constantino dá prosseguimento a seu texto doutrinário fazendo uma demonstração pífia, incompleta do que seria o marxismo. diz ele: “(a teoria da exploração) diz que todos os bens de valor são produtos do trabalho humano, mas que o trabalhador não recebe o produto integral do que produziu, pois os capitalistas tomam para si parte do produto dos trabalhadores.”
Perguntamos: é isso mesmo o que ela diz? É a partir dessa sentença que Constantino vai procurar “derrubar” a teoria marxista, usando como argumento de autoridade o ridículo Böhm-Bawerk, uma das múmias do liberalismo, ressuscitada pelos misianos. E toda a “demonstração” estará comprometida porque Constantino omite (de propósito, penso eu) algo muito importante. Quem conhece Constantino sabe que ele trabalha para a revista Veja, que não é uma rev ista séria. Tampouco ele é um sujeito sério. É autor de bobagens homéricas,como afirmar que o emblema da Copa do Mundo era uma propaganda subliminar do PT. Mas vamos ao que ele omite. O mais honesto seria dizer: “os bens de valor são produtos do trabalho humano, mas o valor é determinado pelo trabalho socialmente necessário para produzi-lo”. Foi isso o que Marx disse. Diante diss
o, cai a farsa montada por Constantino. Ou isso prova a desonestidade dele, ou lhe prova a ignorância. Nunca leu Marx e leu muito mal o próprio Böhm-Bawerk. Ele despreza alguém a quem não entende e admira outro ao qual também não entende.
Constantino continua: “se fosse verdade que um produto vale somente aquilo que custou de trabalho para produzi-lo, as pessoas não iriam atribuir um valor diferente a um magnífico barril de vinho de uma região nobre vis-à-vis o vinho de outra região pior. Uma fruta achada não teria valor algum também.”
Parece aula de economia dada por um professor de OSPB ou Educação Moral e Cívica. Está tudo errado.
Aprenda Constantino. O vinho produzido em uma boa região vinícola, como Bordeaux, Douro, Mosel, etc., tem mais valor do que o vinho produzido em regiões mais pobres pois há nas boas regiões séculos de trabalho de preparação de terra, de estudos de temperatura, umidade, técnicas de plantio e colheita, etc. E, portanto, MUITO MAIS TRABALHO ENVOLVIDO.
E quanto a uma fruta achada na beira do caminho, por que essa fruta tem valor? Porque, a fruta achada ou mesmo a fruta silvestre tem valor devido ao trabalho socialmente necessário para produzi-la.
Em suma, todo o artigo de Constantino é uma falácia, pois omite, simplesmente o mais importante: o trabalho socialmente necessário.
Se ele tivesse criticado essa teoria, podia ter ido pelo caminho certo. Mas ele não é um cientista. É um intelectual desonesto que trabalha para uma revista desonesta.