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Por que Lula?

Para a vitoria do golpismo é necessário incliminar e desmoralizar o ex-presidente petista

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Este início de ano está sendo particularmente revelador.

Já não resta qualquer dúvida quanto a decisão da justiça de expor e incriminar o ex-presidente Lula.

A campanha contra Lula, as investigações sobre atos de sua vida privada e de sua família, são políticas. Têm objetivos meramente políticos.

Enquanto não é encontrado nada de realmente relevante, seja no governo, seja em suas ações políticas a vida privada vira alvo de especulações. Até o número de visitas a um sítio se torna “escândalo”.

Sérgio Moro e a oposição de direita, desde as eleições de 2014, buscam fatos que possam comprometer a imagem de Lula, de modo que qualquer expectativa eleitoral do PT e do ex-presidente sejam minadas, antes mesmo de serem anunciadas.

Na falta de fatos, nada impede Moro e a imprensa de transformar o cotidiano em crime. Como o número de visitas que Lula fez a um determinado sítio no interior de São Paulo.

Como o impeachment entrou em compasso de espera, diante do recesso do legislativo, palco principal, mas não o único, do golpe, a imprensa resolveu utilizar as férias para intensificar sua campanha contra um alvo preferencial.

Lula é o alvo porque a burguesia quer impedir qualquer possibilidade de que o ex-presidente concorra em caso de haver novas eleições. Nesse sentido são várias as frentes de batalha. E nesse momento a batalha está abertamente deflagrada contra Lula.

Se a tentativa de colocar o PT na ilegalidade falhar, se o golpe contra Dilma não emplacar, ou se emplacar e forem chamadas novas eleições, não resta opção à oposição de direita a não ser desmoralizar e  possível incriminar Lula para impedir vença, mas principalmente que não concorra em caso de novas eleições.

Outra vertente da campanha contra Dilma, o PT e Lula é a tentativa permanente de responsabilizar o governo pela crise econômica e problemas no país, que segundo a imprensa são os piores de todos os tempos. Não é possível deixar de ver os problemas e responsabilidades do governo. Mas é preciso muito cautela na hora de acusar o governo em meio à campanha golpista.

No caso da campanha de perseguição contra Lula se aplica a mesma ressalva. Qualquer crítica a sua trajetória política, desde o movimento sindical, até seu governo, não pode ser servir para alimentar o golpismo da direita.

Lula é o alvo pois aparece concretamente como uma ameaça aos planos golpistas da direita, do imperialismo. Para que o golpe saia vitorioso é necessário incriminá-lo, fazer com que sua presença como principal líder dos trabalhadores do país seja desmoralizada.

É preciso ter claro, ainda, que essa tentativa é uma tentativa de desmoralizar toda a luta dos trabalhadores, da esquerda de um modo geral, tendo em vista que Lula é a referência maior desse campo político brasileiro, não apenas no País, como no resto do mundo.

Nesse sentido, Lula é o alvo não apenas porque compromete a vitória do golpe, mas também por que a campanha contra ele serve como campanha contra toda a esquerda nacional.  

Promotora diz que Ministério Público tem política de extermínio

Existe um apoio ideológico de alguns ao extermínio de indesejáveis

Nacional - Juliano - 11-2-16 -  Promotora denuncia exterminio

Em uma entrevista concedida ao El País, a promotora Daniela Skromov afirmou que existe uma ideologia do Ministério Público em promover o extermínio da população negra e pobre.

Um dos fatos mais significativos para esta afirmação, que serve para toda a política criminal, são os depoimentos encontrados em boletins de ocorrência em que existe o chamado “auto de resistência”.

As descrições dos policiais envolvidos nesses casos se repetem. Chegaram em um determinado local e foram recebidos com tiros, e, em resposta, dispararam tiros fatais contra outras pessoas.

Denunciando a falsidade dessas informações, a promotora afirma que: “Uma realidade tão complexa comportaria a mesma narrativa sempre? Nos outros crimes de homicídio existem mil dinâmicas: arranhão, crime passional, jurou de morte (… ) essa é sempre uma narrativa faroeste padrão que desafia a inteligência”.

A farsa dessas afirmações, segundo a própria promotora, é que em situações como essa o suposto marginal deveria ter vantagem sobre o policial, já que conta com o elemento surpresa, capaz de pegar o inimigo desprevenido.

A promotora afirma que o Poder Judiciário segue os mesmos parâmetros usados pela polícia. Determinadas pessoas podem ser vítimas do sistema sem que causar maiores alardes. Mas se a vítima for branca e de classe média o tratamento dados pelo sistema prisional e judicial é completamente oposto.

De acordo com a promotora, “todo processo que gera uma cadeia é geralmente uma prisão em flagrante, que ocorre na rua ou no barraco. É um vulnerável que é capturado, seja porque tropeçou, não tem amigos, está fraco fisicamente, ou porque mora em um barraco onde ninguém pede licença para entrar, é passível de invasão. É deste tipo de gente que a cadeia está cheia. Quem coloca elas lá é a policia, e quem as mantêm lá é o MP e o Judiciário”.

Em diversas oportunidades, a denúncia do caráter racista do sistema prisional recai completamente sobre as polícias militar e civil. Mas quem mantém as pessoas presas é Poder Judiciário e o Ministério Público, nesse sentido, o MP “acaba agindo como o braço jurídico da PM”, segundo Daniela Skromov.

Em muitos casos, como os de prisão em flagrante, todo o julgamento do suposto criminoso é baseado tão somente nas palavras dos policiais que tiveram relação com a prisão. Nesse sentido, não se colhe prova alguma de determinado crime, mas se pune somente aquele que a PM escolheu para prender.

Ao contrário do que se pensa, que o MP e o judiciário estariam acima da lei e do dia-a-dia da PM, o que a promotora denuncia é que esses poderes estão ligados diretamente ao altíssimo número de presos no Brasil e são também responsáveis pelo caráter abertamente racista e de limpeza social dessas prisões.

“Existe um apoio ideológico de alguns ao extermínio de indesejáveis”, afirma a promotora que também é coordenadora do  Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria Pública de São Paulo.

Embora as saídas apresentadas para o problema geralmente apontam para o problema da “formação” desses agentes do estado, o mínimo que teria que ser feito era tornar eletivo todos os cargos do Poder Judiciário, acabar com o MP (que cumpre uma função abertamente direitista), dissolver a polícia, e lutar pelo direito de autodefesa da população pobre e negra.

O impeachment não está morto

SP, 15/03/15, Protesto contra governo Dilma / S¿o Paulo

Já durante as eleições de 2014, a direita brasileira planejava derrubar Dilma caso ela fosse reeleita. Não porque ela tenha roubado ou feito qualquer coisa, mas simplesmente porque o imperialismo precisa colocar um governo que seja totalmente subserviente aos seus interesses e que possa comandar uma operação para esfolar a população brasileira para conter a crise nos países imperialistas.

Manifestações foram chamadas ainda durante as eleições e assim que a candidata petista foi vitoriosa o golpe assumiu a forma de impeachment.

Mais manifestações foram chamadas, para criar o clima e dar uma aparência popular ao golpe. O calendário do impeachment estava definido: até outubro Dilma deveria cair. A imprensa capitalista repercutiu a campanha da direita em torno das pedaladas fiscais. Os líderes da oposição da direita chegaram a declarar que o mandato da presidenta não chegaria até o fim do ano.

Mas eles não contavam com a reação popular contra o golpe, que foi crescendo enquanto as manifestações da direita contra Dilma só diminuíam. O impeachment saiu da pauta, momentaneamente, dando aos setores antigolpistas um sentimento de vitória. Mas o fato é que foi uma vitória apenas momentânea. O processo foi adiado, mas não terminado.

Em entrevista recente à Folha de S. Paulo, o peemedebista Romero Jucá afirma com todas as letras: “o impeachment não está morto”. Declarou ainda que considera que o PMDB deve se delimitar claramente do PT, indicando que não só acredita na possibilidade do impeachment, como também que não se colocará ao lado da presidenta, como não se colocou até agora. Delimitar-se do PT nesse caso significa preservar-se, para ter condições políticas de assumir depois de uma eventual queda de Dilma Rousseff.

O impeachment deve voltar em breve à ordem do dia. O golpe não acabou. É preciso continuar lutando contra ele e não cantar vitória antes do tempo.

Proibição do carnaval em Sergipe: um golpe contra a cultura popular

O Tribunal de Costas cancelou o carnaval em 53 cidades do estado

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O Tribunal de Contas de Sergipe aproveitou denúncia dos professores do estado para proibir o carnaval em 53 municípios do estado – mais da metade da totalidade dos 73 municípios. A alegação dos professores é a de que as prefeituras estão com salários atrasados, algumas, desde outubro.

O sindicato da categoria apresentou ao Tribunal de Contas um relatório que foi utilizado para a decisão de suspender o carnaval nesses municípios. Segundo o presidente do TC, Clóvis Barbosa de Melo, o motivo da determinação seria o “princípio da razoabilidade. Como é que você vai fazer festa se você está devendo aos servidores, devendo aos professores?”.

Por trás de todo a moralidade do Juiz está mais uma demonstração de cinismo do Judiciário brasileiro. Quem conhece o poder Judiciário sabe como esses Juízes são “preocupados” com a luta dos trabalhadores, a ponto de proibir o direito de greve e tomar decisões sempre em consonância com os patrões.

O cinismo está no fato de que usaram um aparente “bom motivo” para atacar o carnaval e a cultura popular. Os municípios estão sufocados pelas diversas leis que obrigam a não gastar, como é o caso da Lei de Responsabilidade Fiscal. Essas leis, no entanto, não passam de uma maneira dos grandes capitalistas e banqueiros de impedirem que os governos gastem dinheiro com os trabalhadores e o povo. Serve para garantir que o dinheiro do povo seja desviado “legalmente” para os parasitas que vivem da exploração do povo.

Um diretor do Sindicato dos Professores de Sergipe, fazendo o jogo da direita, afirma na reportagem do jornal Nacional da Rede Globo que “a gente espera agora que o dinheiro que seria utilizado para pagar bandas seja utilizado pra pagar efetivamente os salários dos professores”.

Os juízes não querem que o dinheiro vá para as bandas e a cultura popular. Já o dinheiro dos bancos e das empreiteiras, esse pode ficar do jeito que está, mesmo que para isso seja necessário arrochar o salário dos professores.

Tudo não passa de puro cinismo do Judiciário. O verdadeiro motivo da proibição é uma tentativa de atacar o carnaval como festa popular, transformando o carnaval em uma operação privada, feita apenas para quem tem dinheiro.

A campanha da escória contra Lula

Colunista fofoqueiro de O Globo reproduz calúnias contra Lula e o PT

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Denis Lerrer Rosenfield, em artigo publicado no último dia 8 de fevereiro em O Globo, aproveita para engrossar a campanha contra Lula e o PT. Sempre usando o bom e velho método calunioso e cínico da direita, Rosenfield, professor de filosofia ligado ao Instituto Millenium, reproduz as acusações sobre o “triplex de Lula” e as “visitas ao sítio”.

Rosenfield não faz nada de novo ao reproduzir as informações divulgadas pela imprensa como sendo “a grande prova do crime de Lula”, sendo que na realidade elas não dizem nada. O que o artigo tem de novo é a tentativa de acuar o PT e as tentativas de defesa de Lula.

O artigo de Rosenfield exala o velho cinismo da escória direitista. Segundo ele, as críticas ao monopólio da imprensa golpista, ao Judiciário e à Polícia Federal seriam um “ataque à democracia”. Assim, Lula e o PT deveriam abaixar a cabeça e aceitar tudo calado. Se o Judiciário falou e a imprensa divulgou então é verdade. Não importam os fatos, não importam as provas.

Rosenfield é articulista de um dos principais jornais da imprensa capitalista e atua no Instituto Millenium, um grupo que reúne direitistas acadêmicos financiados por capitalistas norte-americanos para divulgar as ideias reacionárias no Brasil. Mesmo assim, Rosenfield, como é próprio da escória direitista, não tem interesse algum. Rosenfield não é movido pela política. Sua palavra no órgão da família Marinho é divina, ilibada e isenta da interesses. Assim é a santa imprensa golpista, assim é também o santo poder Judiciário e a santificada Polícia Federal.

Rosenfield acusa o PT de tratar Lula como um “santo da ética”, e que defender Lula e os condenados do partido, não importam os argumentos, é uma demonstração “bisonha e inverossímil”. E por que? Porque o Lula não é santo, diferente de Rosenfield e da família Marinho que só fazem coisas movidos por sua santidade.

A santidade aqui, Rosenfield chama de “democracia”. Lula e o petismo estão atentando contra a democracia ao se defender de acusações. Um direito elementar se tais acusações fossem verdadeiras, mas não se trata disso. Não são acusações verdadeiras, mas boatos disseminados pela imprensa, pelas fofoqueiras da imprensa capitalista, como é o caso da beata Rosenfield.